quinta-feira, 16 de junho de 2016

Avaliação da fertilidade do casal - parte 2 - Espermograma Completo, Morfologia Estrita de Kruger e Cariótipo

Hora de fazer os exames do maridão.
Para falar a verdade essa investigação estava “pra lá” de atrasada, não acham? Fui virada e revirada de tanto exame e apenas depois de alguns anos os digníssimos profissionais optaram por investigar meu marido. E olha que passei por médicos conceituados, mas percebi que para parte da sociedade e até mesmo para alguns profissionais a dificuldade para ter filhos ainda é atribuída somente às mulheres. SOCORRO para essa ignorância!!! AFF!!! 
As pesquisas apontam que dos casais que apresentam alguma dificuldade para engravidar um terço das causas cabe à mulher, um terço ao homem e um terço a ambos ou não têm justificativa. Portanto, de todas as causas de infertilidade, o homem é responsável pela metade delas[1]. Então, não há porque não o investigar de cara.



Fomos juntos fazer os exames de sangue, só nos restava aguardar o resultado.
Quanto ao Espermograma completo e à Morfologia Estrita de Kruger entreguei ao meu marido a guia do pedido para que fosse realizá-lo. Os dias viraram semanas e nada de marcar o procedimento. Ele muito espertinho fazia cara de paisagem e paparicava-me, estratégia que costuma utilizar quando quer me fazer esquecer algo. Confesso que em alguns momentos ele até consegue obter sucesso com essa manobra, mas nesse caso seria diferente. Eu, Ptt, que carrego o lema: “Tudo pelo Baby” não deixaria isso acontecer, então, quando as semanas estavam quase virando meses dei o ultimato, informei-o quando deveria comparecer ao laboratório para realizar o procedimento. Aproveitei também a oportunidade para conversar com ele, um filho é uma escolha do casal e lutar pela chegada dele quando há alguma dificuldade também. Tínhamos que entrar nessa fase de investigação e preparação para realização de algum tratamento juntos, era necessário ter coragem e não deixar as inseguranças nos paralisar na busca do nosso sonho. Deveríamos ter em mente que unidos poderíamos até entortar, mas quebrar jamais.
Nós tentantes sabemos que é uma fase muito difícil para o casal e por isso a união e o diálogo são fundamentais para a continuidade (sobrevivência) minimamente saudável e equilibrada do casamento.  

O espermograma, um dos exames utilizados para avaliar a fertilidade masculina, ainda está envolto por estigmas. Alguns homens o consideram constrangedor outros acham que sua sexualidade, masculinidade ou potência sexual estará sendo avaliada. Ideia totalmente equivocada, trata-se de um exame normal como qualquer outro e um resultado alterado nada tem haver com a virilidade, é apenas mais um dos “poréns” que passamos na vida.  Meu médico inclusive me informou que os casos de infertilidade masculina são muito mais fáceis de resolver que os femininos. Os homens precisam parar com esse preconceito bobo.
No espermograma é analisada principalmente a motilidade, a concentração, a vitalidade, a morfologia dos espermatozoides. Também avaliam o volume, a acidez e a existência de infecção. A análise da morfologia (verificação da forma dos espermatozoides) pode ser feita pelo critério da OMS e/ou pelo critério estrito de Kruger. No exame do meu marido foram aplicados os dois critérios.
Alguns dias depois do exame meu marido me ligou com a voz trêmula e informou que o resultado do espermograma havia saído. Meu coração apertou, parei o que estava fazendo no trabalho e fui tentar interpretá-lo. Como sempre recorri ao meu atual melhor amigo, Dr. Google, e percebi que a morfologia, tanto pelo critério estrito de Kruger quanto pelo o da OMS, bem como a motilidade e a concentração estavam abaixo dos valores de referência. Encaminhei o resultado do espermograma para meu ginecologista que agora sim recomendou procurarmos uma clínica de fertilização. Só uma observação, não foi ele que solicitou o espermograma, por ele esperaríamos mais um ano para fazer algum exame adicional, ou seja, estaríamos tentando e acumulando frustrações até hoje.

Marquei uma consulta com o médico de fertilização que me indicaram. Meu Deus! Um OGRO, que se acha um pop star. Não respondeu as minhas perguntas e sequer olhou todos os meus exames, mas pelo menos solicitou que fosse realizado outro espermograma para confirmar o resultado encontrado. Mesmo sendo tratada “como um nada” fizemos o novo exame na clínica do pop star, estava confiando na indicação que havia recebido. Resultado: morfologia continuou abaixo dos valores de referência, já os demais itens apresentaram resultados mais animadores, mas a FIV/ICSI ainda era o tratamento recomendado. Nesse momento entrávamos na estatística dos 1/3 dos casais em que ambos apresentam fatores que podem dificultar a gravidez pelo método natural. Fomos informados que considerando o nosso histórico a chance de uma gravidez natural era de 1%. Um tapa na cara, daqueles de novela.
Meninas, fico chateada quando vejo o tempo em que os médicos demoraram para investigar os dois, quanta negligência e descuido mesmo sabendo que para a mulher o tempo é fator primordial para a fertilidade. Acho que todo casal que toma a decisão de engravidar deveria fazer previamente os exames básicos que avaliam a fertilidade, principalmente se a mulher tiver mais de 30 anos, pouparia tanta frustração e sofrimento. Quem me dera se eu tivesse a cabeça que tenho hoje aos 30 anos, mas como o tempo não volta, no máximo podemos aprender com ele, decidi seguir em frente e correr atrás do prejuízo. A verdade é que a dor e as dificuldades invariavelmente chegam para todos em algum momento da vida, a diferença é de como vamos encará-la. Já passei por muita coisa e hoje carrego comigo a seguinte certeza: todas as dores ou alegrias por maiores que sejam sempre passam. 

Meu marido realizou também os exames cariótipo e microdeleção do cromossomo Y, como ele tem doença congênita na família o médico achou por bem solicitá-los. Na minha cidade são exames “mega- power” demorados, verdadeiros testes de paciência, os resultados demoraram em  torno de 40 dias para ficarem prontos. São testes genéticos, o cariótipo com bandas é o exame de mapeamento genético clássico, e analisa os 46 cromossomos do ser humano. Serve para apontar se há má formação, ausência ou troca entre eles. Entre as principais doenças genéticas ligadas à fertilidade masculina que traz estão a fibrose cística, a Síndrome de Klinefelter e a doença policística do rim[2]. Já a Detecção da microdeleção do cromossomo Y avalia o cromossomo Y que é dividido em três partes: duas pernas curtas e uma longa. O exame é feito na parte mais longa (chamada DAZ, do inglês deleted azoospermia) e mostra se existe alguma má formação e em qual parte ela se localiza (AZFa, AZFb ou AZFc). Alterações na zona A impedem o homem de produzir qualquer espermatozoide. Neste caso, deve-se recorrer à doação de esperma ou à adoção. Se o problema for na zona B, os espermatozoides têm sua maturação interrompida, então ainda há 30% de chances de existirem. Alterações na zona C são o melhor resultado para esse exame, pois, apesar de muito baixa a produção está mantida e há 70% de chance de se encontrar espermatozoides.[3]

Graças a Deus, os dois exames estavam normais.

Depois desses resultados seguramos na mão do Senhor e iniciamos a nossa caminhada para início da FIV. Fizemos uma peregrinação nas clínicas de fertilização da minha cidade. Assunto do próximo post.





e-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com




[1] http://www.fertilidadedohomem.com.br/perguntas-e-respostas.html
[2] http://invida.med.br/diagnostico/exames-geneticos-2/
[3] http://invida.med.br/diagnostico/exames-geneticos-2/

2 comentários:

  1. Torcendo muito por vocês. Meu marido já fez 3 ou 4 espermogramas, mas nunca disse nada, porque não tem nem como comparar a quantidade de exames e exames invasivos que a mulher faz. E é o que você falou: os dois têm que querer estar juntos nessa caminhada. Beijos!

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  2. Obrigada, barriga positiva. Também torço muito por vc, nós vamos conseguir nosso positivo. Vamos na fé em Deus! Beijos.

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