quinta-feira, 2 de junho de 2016

Trombofilia parte 1

Minha médica disse que abortar era normal (de fato é) e que nenhum exame adicional deveria ser realizado. Informou que dois meses após o aborto poderíamos voltar a namorar e que só após mais um ano de tentativas iria iniciar alguma investigação, mas sentia no meu coração que algo estava errado. Decidi colocar meu nome na fila de espera de um bom especialista em fertilidade da minha cidade (indicação de uma amiga especial). Nesse meio tempo tive um cisto no ovário, que só sumiu após o uso de pílula.
Meu cabelo alguns meses após a curetagem começou a cair (ansiedade + gravidez interrompida + alto nível de estresse no ambiente do trabalho é uma combinação bombástica para queda de cabelo). Fui a minha dermatologista (linda, gentil e competente) que decidiu fazer uma investigação mais criteriosa, saí da consulta com uma longa lista de exames. Alguns dias depois veio o resultado: FAN reagente e vitamina D baixíssima*.
Diante do FAN reagente fui encaminhada para um reumatologista, que por sua vez pediu uma nova bateria de exames, dentre eles, os destinados para investigação de trombofilia. Nessa época ainda não havia ouvido falar da existência dessa alteração no sistema de coagulação do corpo que ocasiona maior propensão a desenvolver coágulos ou trombos. 
Infelizmente, muitos médicos só investigam trombofilia depois de três abortos antes de 10 semanas ou 1 aborto após 10 semanas, ou seja, depois de muita dor. Além do fato de muitos profissionais ignorarem o histórico familiar da paciente, que por si só já indicaria um estudo mais criterioso.
Um olhar mais cuidadoso do médico pouparia muita frustração e perda de tempo, que no caso das mulheres é fator relevante de fertilidade. Mas, lamentavelmente , muitos profissionais esquecem que estão lidando com pessoas, inclusive alguns ignoram que também são humanos, sujeitos a todas as dores e que provavelmente um dia vão necessitar de amparo de um profissional especializado. 
Graças a Deus, o médico ao considerar o aborto e o meu histórico familiar (pai com problemas de coagulação, irmã teve AVC isquêmico antes dos 35 anos), não seguiu o protocolo, iniciando a investigação imediatamente.
Parte reumatológica ok. No entanto, nos exames para diagnosticar trombofilia tive o resultado do anticoagulante lúpico positivo (tive que repetir depois de 12 semanas, como já estou muito tempo investigando já tive dois positivos e dois negativos) e MTHFR homozigoto mutante c677t. Nesse meio tempo consegui a consulta com o aquele especialista em fertilidade, profissional fantástico, que me encaminhou para um hematologista especializado em tratamento de trombofilia em mulheres grávidas ou que desejam engravidar. Que por sua vez solicitou a realização de mais uma infinidade de exames, muitos sem cobertura do plano de saúde (no próximo post passarei a lista dos exames).
Hoje tenho um fichário do meu histórico médico, enorme... Essa quantidade de exames me ajuda, inclusive, a diferenciar os médicos criteriosos dos preguiçosos e descuidados, pois alguns sequer se dão ao trabalho de olhá-los.

Atualmente, faço acompanhamento contínuo com ótimos profissionais da saúde: reumatologista, hematologista, dermatologista, uma ginecologista experiente que me trata com tanto carinho há anos e outro especializado em fertilização humana e psicóloga.  Alguns deles tive que optar pelo atendimento particular, já que pelo plano não estava conseguindo bons médicos. Infelizmente, vivemos num país que negligencia a saúde pública e obriga-nos em diversos momentos a procurar tratamentos particulares para termos atendimento digno e de qualidade. Quem sabe um dia isso muda...




*Seguem links que contêm informações sobre a importância da vitamina D para a fertilidade:

http://www.bolsademulher.com/bebe/planejamento/materia/vitamina-d-e-importante-para-a-fertilidade
http://tentantesemamaes.blogspot.com.br/2013/07/vitamina-que-melhora-drasticamente_25.html


3 comentários:

  1. Também me disseram que era normal perder a primeira gravidez... Mas assim como você, eu sentia que tinha algo muito errado. Contra todos, resolvi procurar um especialista em reprodução para investigar. Sim, marido não concordava com isso, achava que era loucura minha por ter perdido um filho, pura ansiedade. Mas descobrimos diversas coisas que afetavam a nossa fertilidade (tanto do lado feminino quanto do lado masculino) e fomos indicados para FIV...

    Também ando percebendo essa medicina deficiente que vivemos...
    Nossa, a cada postagem vemos que temos muuuuuito em comum.

    Que tal me mandar um email para conversamos? momtentante@gmail.com

    Bjs

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  2. Nós também temos fator feminino e masculino que dificulta engravidar. Vou mandar meu email para vc, assim poderemos trocar informações e também nos apoiar.
    Beijos

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  3. Olá. Estou lendo sua história, gostaria de saber o quanto deu positivo seu anticoagulante lúpico. Fiz 3 exames desse e mais uns 50. No primeiro teste deu 1,49 na triagem e 1,15 no confirmatorio. No segundo e no terceiro deram 1,18 e 0,96 respectivamente. E todos os outros milhões de exames deram normais.... Tenho uma filha de 9 anos de uma gravidez super normal, tive em dez de 2014 um aborto retido, descobri com 11 semanas, mais nem tinha mais embrião, deve ter parado de evoluir com umas 8 semanas. Em janeiro de 2016 descobri que estava gravida e perdi dez dias depois. Mais ou menos com 6 semanas no máximo. Hoje estou gestante de 12 semanas, tive um descolamento ovular mínimo, estou tomando vitamina D, acido fólico, utrogestan e AAS, todos os dias. As vezes me pergunto sobre esse anticoagulante lúpico. Mais meu médico disse que foram duas perdas aleatórias, e diferente dessa gestação. Mais me pego com medo! O que você me diz sobre o lac?

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