domingo, 5 de junho de 2016

Trombofilia parte 3 - Anticoagulante Lúpico e MTHFR

Em dezembro de 2014 fiz o exame anticoagulante lúpico que deu positivo, um susto! Nunca havia ouvido falar sobre isso. Claro, como boa curiosa que sou, fui ao “Dr. Google” pesquisar o que era, fiquei apavorada. Exageros a parte, a palavra trombose é algo que me assusta muito, mas agora lido melhor com a situação.
Após consultar com um especialista no assunto fui orientada a repetir o exame após 12 semanas para ver se era transitório ou não. Quando o repeti, o resultado foi negativo. Ufa, que alegria!!! Mas tive que refazê-lo em outro laboratório, pois o médico não gostou do método utilizado, ocasião em que recebi o segundo positivo (teste com veneno de víbora de Russel positivo), um soco no estômago.
O anticoagulante lúpico é da família dos antifosfolípides e estudos relacionam que esse anticorpo pode aumentar a chance de problemas durante a gravidez, sendo ele um dos mais relevantes preditor[1] de risco, informação confirmada posteriormente pelo meu hematologista e pelo meu angiologista.
Vi na matéria “Descoberto anticorpo relacionado a problemas na gravidez”[2] a seguinte informação sobre o anticoagulante lúpico:


[...] Os anticorpos chamados de antifosfolípides interferem com fosfolipídeos, que é um tipo de gordura localizada em qualquer célula viva e membranas celulares. Os pacientes com APLs correm mais riscos de desenvolverem coágulos sanguíneos, derrames e distúrbios durante a gravidez, porém, alguns pacientes que possuem os anticorpos também podem não desenvolver doenças do gênero. A autora sênior da pesquisa, Jane Salmon, explica que os "fosfolipídios são altamente presentes na placenta, e, como resultados, os anticorpos antifosfolípides se concentram no mesmo local. Quando os anticorpos são depositados nos tecidos de uma pessoa, inicia-se inflamação levando a danos nos órgãos. E este é um caminho para complicações na gravidez".
Normalmente, as mulheres que perdem o bebê durante a gravidez fazem testes para detectar a presença de APLs, sendo que os resultados apontam que até 15% delas a presença é positiva. O tratamento é realizado com anticoagulantes.
O estudo avaliou 144 mulheres com APLs, visto que 28 tiveram efeitos adversos da gravidez. Paralelamente um grupo de 159 também foi testado. Os cientistas avaliaram e compararam as complicações na gestação com a presença de três APLs: anticoagulante lúpico (LAC), anticorpo anticardiolipina (aCL) e anticorpo para glicoproteína ß2 I.
A descoberta compilou que o LAC foi encontrado como um forte fator para os efeitos adversos da gravidez, sendo efeito adverso definido como morte fetal sem explicação após 12 semanas de gravidez, morte do neonato antes da alta associada a complicações durante o parto, prematuridade – antes de 34 semanas de gestação – ligada à hipertensão gestacional, insuficiência placentária ou pré-eclâmpsia e recém-nascidos de baixo peso para idade de gestação. [...]

No entanto, fui informada pelo médico que para enquadrar a paciente com a Síndrome do Anticorpo Antifosfolípede e tratá-la, de acordo com o protocolo, devem-se ter a associação de um critério laboratorial (exame alterado) e outro clínico[3], tais como: um ou mais eventos trombóticos venosos e/ou arteriais, 3 ou mais abortos antes de 10 semanas (aborto de repetição), um aborto após 10 semanas (feto normal), parto prematuro antes de 34 semanas de gestação – ligada à hipertensão gestacional, insuficiência placentária ou pré-eclâmpsia e recém-nascidos de baixo peso para idade de gestação. 
Um adendo, esperar uma mulher ter 3 ou mais abortos ou qualquer outra complicação para tratá-la, ao meu ver, considerando que sou leiga no assunto, mas já vivi na pele a dor e o medo que o aborto traz, como ter sequelas da curetagem, fora a dor da alma de perder um filho e ter a sua fertilidade em jogo, parece-me um despropósito, dependendo do histórico da paciente. Imagina a dor devastadora que a mulher vai ter que passar por três vezes, fora o tempo que perderá até começar a investigar, tempo esse primordial para a sua fertilidade. Óbvio que não defendo o tratamento indiscriminado com anticoagulantes, que também apresenta risco, mas acho que o profissional dever ter a sensibilidade de perceber o momento de entrar com o tratamento profilático, não há motivo para expor a mulher a tanto risco e sofrimento. É importante sopesar os riscos e definir de forma consciente e humana qual melhor tratamento a seguir.  Os médicos devem se lembrar de que estão tratando mulheres no auge da sensibilidade, mas, infelizmente, na área da fertilidade percebi que dependendo do profissional somos vistas como "uma coisa" e uma potencial fonte de lucro. Para esses profissionais fica a minha indignação.
Retomando, também apresentei mutação c677t do Gene Metilenotetrahidrofolato Redutase (MTHFR), um tipo de trombofilia hereditária, que pode prejudicar a absorção do ácido fólico e outras vitaminas do complexo B (B6 e B12) e promover o aumento da homocisteína (risco de eventos trombóticos). No meu caso, como faço suplementação do ácido fólico, as vitaminas estão dentro do limite e a homocisteína está dentro do padrão, o meu médico informou que posso ficar tranquila em relação a esse ponto. Graças a Deus!   
Meus médicos ao considerarem os fatores relacionados abaixo decidiram, mesmo sem enquadrar no protocolo, incluir de forma profilática a enoxaparina e uma vitamina para minimizar a perda óssea a partir do início do tratamento (fiv) e após a implantação incluir o AAS e uma pequena dose de corticoide, fora a meia de compressão. Seguem os pontos considerados pelos profissionais para chegarem a essa conclusão:
- estou preparando para recomeçar a fertilização in vitro (FIV/ICSI), procedimento que usa uma dose considerável (cavalar) de hormônios (assunto dos próximos posts);
 tive um aborto retido antes de 10 semanas;
- apresentei mutação no gene MTHFR homozigoto mutante;
apresentei anticoagulante lúpico positivo por duas vezes;
- fan reagente;
histórico familiar de trombose, além da existência de primas que tiveram complicação na gravidez por causa da trombofilia.


Ah! Já ia me esquecendo, vi uma entrevista de um hematogista falando da possibilidade da mulher grávida realizar ultrassonografia com doppler, após 28 semanas, para verificar se a gravidez corre riscos, segue trecho[4]:


[...] Segundo o hematologista, durante a gestação é possível lançar mão de alguns exames para detectar os possíveis sinais de que a gravidez corre riscos. “A ultrassonografia com doppler identifica se há dificuldades na troca de sangue entre a mãe e o bebê. É um exame que deveria ser feito com 28 semanas e apesar de não ser obrigatório está ficando mais rotineiro”, diz. [...]

Futuramente vou procurar saber mais a respeito e volto para contar.



4 comentários:

  1. Meu hematologista achou por bem suplementar o acido fólico e as vitaminas B (6 e 12), mesmo a homocisteína dando normal. Iniciei recentemente o processo da indução da fiv, mas achou melhor não passar anticoagulante agora.

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    1. O meu hematologia não passou nada...estranho disse que não tem o que fazer quando perguntei o que faço para a prevenção. Eu acho que ele está errado entra em contato comigo e podemos conversar melhor. Meu nome Elisangela eli_artforma@hotmail.com. Bjs.

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    2. Oi Elisângela, td bem? Mandei um e-mail para vc.
      Fique com Deus!
      Beijos

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  2. Vou conversar isso com meu médico. Já tomo 5mg de ácido fólico, mas sem as vitaminas do complexo B. Quem sabe as incluo.
    Como a fiv é uma dose cavalar de hormônios e minha irmã teve um AVC nova o hematologista decidou entrar com a enoxaparina 40 mg de uma vez. Já estou tomando as piadinhas. Morro de agonia de injeção, mas tudo pelo baby.

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