terça-feira, 15 de novembro de 2016

E aí? Existe uma força maior ou não regendo as nossa vidas?

Tinha o propósito de fazer uma nova FIV em janeiro de 2017, mas em vários momentos me pegava pensando como iríamos pagá-la, havíamos gastado muito no primeiro tratamento e não tínhamos a quem recorrer. Às vezes também via essa mesma sombra de preocupação no semblante do meu marido.
Todavia, sempre que essa dúvida vinha na minha cabeça pensava: "Deus proverá, se for da vontade Dele" e com esse pensamento focava no que tinha para aquele dia e organizava minha mente de forma a neutralizar as sombras de angústia e de ansiedade que às vezes surgiam.
E assim estávamos seguindo quando as coisas começaram a mudar. 


Eu e meu maridão estávamos nos preparando para viajar quando recebo um e-mail inesperado, porém abençoado.
Era Deus agindo e colocando um anjo em forma de médico nas nossas vidas. O e-mail era da equipe do Dr. Fernando Prado informando que ele havia tido acesso ao meu blog por meio de uma paciente e que era para eu entrar em contato. Queriam saber se eu podia ir a SP para uma consulta, estavam propondo a FIV sem custo
O quê? Quase caí para trás, corri para contar para meu marido. Será? Não vão cobrar nada? 
Olhei na internet promoção de passagens aéreas, marquei a consulta, peguei meu "livro" de exames e fui com o coração cheio de esperança.

Na hora em que eu entrei na sala do Dr. Fernando Prado e olhei para os olhos dele fui tocada por uma confiança inexplicável, foi diferente de tudo que já havia sentido por outros profissionais. Senti que ele estava disposto a ajudar de coração, que queria fazer dar certo.
Adorei a consulta, tratou-me de forma muito delicada e honesta. Fez um ultrassom, olhou todos os meus exames e solicitou que eu realizasse mais alguns antes de definir os próximos passos. Em dezembro levarei os resultados e a partir daí ele poderá estabelecer como será o tratamento. Haja coração...

Também me explicou sobre todo o procedimento que adota e esclareceu que utiliza o laboratório Huntington, um dos melhores do Brasil e isso deixou-me muito (muito mesmo) animada e esperançosa. Um laboratório de excelência faz toda diferença no sucesso da FIV, como o próprio Dr. Fernando Prado disse, 50% do tratamento depende disso. 
Ponderou, ainda, que não realiza a transferência dos embriões no mesmo ciclo, pois o estradiol pode subir muito durante a indução e isso tende deixar o endométrio menos receptivo, o que pode diminuir a chance de gravidez. Então, deixará os embriões chegarem ao 5° dia para posteriormente congelá-los. Acredito que a transferência seja realizada, com a graça de Deus, em janeiro ou fevereiro de 2017.

Encerrada a consulta fui encaminhada para a sala da Bruna (financeiro) que ratificou que o tratamento seria gratuito. Durante a nossa conversa ela teve uma atitude que me tocou muito. Num dado momento pegou nas minhas mãos, olhou nos meus olhos e disse com um tom leve, generoso e verdadeiro: "vamos buscar seu positivo, estamos com você a partir de agora". Senti que era a forma de Jesus me mostrar que a nossa caminhada estava sendo reforçada por esses profissionais maravilhosos e uma paz tomou meu coração.

Digo uma coisa a vocês não sei como será a caminhada, mas afirmo que sou muito grata por agora ter um caminho real a seguir, por poder tentar novamente.

Vocês que me acompanham sabem que foi um ano difícil, mas posso dizer que estou saindo dele bem melhor que entrei. Nem metade dos meus planos se realizaram, a vida tomou rumos inesperados, mas tornei-me uma pessoa mais leve, sensível, humana, simples, grata. Aprendi a confiar sem condições e passei a ter certeza de que Deus sempre proverá o que for necessário a cada um, às vezes não é o que esperamos, mas sempre será o melhor. Importante ter fibra mental para condicionar a mente a um padrão cada vez mais positivo, afinal somos basicamente o que pensamos e assim influenciamos a lei da atração e do retorno.


E isso tudo me fez refletir sobre o ciclo de dor e de luz que a vida humana é composta.
De fato na terra temos muita dor e maldade, mas também existem energias fantásticas e abençoadas, precisamos ter mais fé na vida. O mundo espiritual não nos deixa abandonados, há intercessão constante por nós, às vezes só precisamos nos abrir mais, praticar o bem, ter fé e orar. Todos têm uma luz imensa dentro de si e se ampliarmos o nosso campo de visão e olharmos para o próximo podemos, cada um da sua forma, levar luz, conforto e esperança onde há necessidade. 
Quando ajudamos uns aos outros a caminhada se torna muito mais fácil para todos. Quando propagamos energia positiva toda terra ganha com isso. Vamos tentar não nos afundar no pessimismo em que somos bombardeados a cada dia, precisamos de mais amor, respeito, caridade, fé. Vamos usar o que temos de bom a favor do próximo e consequentemente toda essa energia boa se voltará para nós...

Tenham fé, Deus proverá... 

E assim é o recomeço da busca pelo sonho de engravidar, de poder passar pela experiência do parto, de tornar-me mamãe e de ver meu marido se tornar papai. E agora essa jornada conta com um novo personagem, que me surpreendeu com seu amor pelo próximo, Dr. Fernando Prado. A ele deixo o meu muito obrigada e o meu desejo de que seja muito abençoado! E vamos que vamos rumo ao positivo. 

E com tudo isso só me resta deixar uma pergunta: E aí? Tem uma força maior ou não regendo as nossas vidas?

Linda música,vale ouvir. Trem Bala - Ana Vilela

terça-feira, 11 de outubro de 2016

A verdade é que já fui longe demais...

Em junho de 2016; depois de ter caído no fundo do poço (falei disso no post: sim, é permitido), ocasião em que fui obrigada a desconstruir-me por completo; abri o meu coração para ver a vida sob outra ótica.


Desde quando decidi engravidar passei a condicionar, sem perceber, a minha paz ao sonho de gerar um filho, ou seja, a um evento futuro e com isso passei a anular a minha existência. Já não percebia as várias possibilidades de felicidade e de tranquilidade que a vida  me oferecia diariamente e com isso um vazio começou a surgir. No entanto, graças a Deus, com a minha desconstrução o meu campo de visão expandiu e consequentemente me tirei do centro da dor, foi quando percebi que o que realmente importava não era o que estava acontecendo na minha vida e sim a forma como eu estava reagindo.
Decidi que não quero no futuro olhar para atrás e perceber que dei muito mais valor as dores que tive do que as alegrias ou perceber que estava tão focada em mim que acabei esquecendo de curtir as situações e as pessoas maravilhosas que estavam ao meu redor.

Óbvio que ainda não ter engravidado dói, mas isso não significa que sou a mais injustiçada do mundo ou que não tenha outros motivos para alegrar-me. Sou tão abençoada por Deus em tantas outras coisas que definitivamente não tenho porque ter dó de mim. Além disso, compreendi que todo ser humano passa pelas suas batalhas, não sou a única, faz parte da vida. 

Diante desse contexto, todos os dias me pergunto: o que tenho para hoje? E com o que tenho busco seguir meu caminho da melhor maneira, viver o meu dia da forma mais serena e feliz possível. Parei de condicionar minha alegria e equilíbrio em acontecimentos futuros e com isso a paz que andava tão sumida voltou a surgir. E desde então sinto-me mais livre para viver.



Claro,que às vezes fico triste,desanimada ou com raiva, mas hoje não dou tanto poder aos pensamentos negativos, não os deixo ganhar forças, sempre tento neutralizá-los de algum modo. Permito-me ficar triste e chorar, mas não me permito ficar presa a esse sentimento por muito tempo...



Como tenho muita vontade de ter pelo menos 2 filhos, sendo um gerado e outro adotado, decidi que farei o que for possível (de maneira consciente) para tentar alcançar esse sonho. Em janeiro, com a graça de Deus, farei mais uma fiv, mas hoje não deixo que esse seja meu único caminho. Inclusive, comecei a amadurecer a ideia de iniciar os procedimentos para entrar na fila de adoção, resolvi ficar aberta a outras possibilidades.

Enquanto isso eu e meu maridão decidimos fazer uma viagem de uma semana para oxigenarmos nossa  vida. Demo-nos  a permissão para ser feliz agora, sem condições ou termos.

Na vida já passei por muitos "poréns" (este não é o primeiro e provavelmente não será o último) e mesmo assim sempre mantive-me otimista e corajosa, então, não vai ser agora que me entregarei.

A verdade é que já fui longe demais...

...para desistir de quem eu sou.


E-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

STJ – Estado do Rio de Janeiro foi condenado a custear FIV

Meninas, segue decisão fresquinha do STJ que manteve decisão que condenou o Estado do Rio de Janeiro a custear o tratamento de fertilização in vitro de uma mulher. 




Rio de Janeiro deverá custear tratamento com fertilização in vitro*

A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão de segunda instância que condenou o Estado do Rio de Janeiro a custear, em rede pública ou privada, tratamento com fertilização in vitro a mulher que apresenta dificuldades para engravidar e não tem condições financeiras de arcar com o procedimento. A decisão foi unânime.

No pedido inicial, a mulher de 35 anos, moradora de Mesquita (RJ), narrou que possuía endometriose profunda, além de obstrução das trompas, motivos pelos quais não conseguia ter filhos de forma natural. Em 2011, ela realizou cirurgia bem-sucedida para controle das enfermidades e, após o procedimento, recebeu a indicação de tratamento por meio de fertilização in vitro.

Sem condições financeiras para custear o tratamento, estimado em R$ 12 mil, buscou o Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer a fertilização, mas foi informada de que apenas um hospital, localizado em Campos dos Goytacazes (RJ), realizava o procedimento recomendado.

Durante consulta no hospital indicado, ela recebeu a notícia de que o tratamento gratuito era restrito a moradores de Campos dos Goytacazes, em razão de convênio estabelecido entre a prefeitura e o centro médico.

Público ou privado

Em primeira instância, o magistrado determinou que o Estado do Rio de Janeiro arcasse com o tratamento em local indicado pelo poder público em 30 dias, contados da intimação. Em caso de descumprimento da medida, a sentença determinou que o Estado custeasse as despesas com o tratamento em hospital particular. O pagamento deveria ser feito dez dias após a apresentação do orçamento.

A decisão de primeiro grau foi mantida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Ao ressaltar os preceitos estabelecidos por normas como a Lei 9.263/96 (legislação sobre planejamento familiar), os desembargadores fluminenses entenderam que a negativa ao direito de utilizar todas as técnicas de fertilização disponíveis significaria criar uma linha divisória entre quem possui condições econômicas para realizar o tratamento e as pessoas que não dispõem dessa possibilidade, violando o princípio da isonomia.

Valores

No recurso especial dirigido ao STJ, o Estado do Rio de Janeiro questionou a condenação ao custeio de tratamento em rede privada de saúde. Para o recorrente, a efetivação do direito à saúde poderia ser realizada nos hospitais que o próprio SUS dispõe para a realização do tratamento de fertilização.

Além disso, apontando violação a dispositivos da Lei 8.080/90, o Estado alegou que a condenação a tratamento médico particular deixaria o poder público sujeito a valores estabelecidos de forma unilateral pela instituição privada.

O relator do recurso, ministro Herman Benjamin, lembrou que o TJRJ condenou o Estado ao custeio do tratamento em local que deve ser indicado pelo próprio ente público. Somente no caso do descumprimento da decisão judicial é que houve a previsão de pagamento das despesas da autora pela utilização de hospital privado. 

“Portanto, não tem pertinência a alegação de que deve pagar o tratamento de fertilização in vitro em hospital particular, pois essa hipótese somente se concretizará com a sua recusa em obedecer à determinação judicial”, concluiu o ministro ao negar o recurso do Estado.

*Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): REsp 1617970 / TJRJ nº 0461208-92.2012.8.19.0001




quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Protocolo longo - FIV

Demorei para voltar ao meu médico depois do negativo, decidi que antes precisava me recompor e digerir a situação.
E chegou o dia, estava me sentindo muito melhor e mais consciente de que precisava achar o equilíbrio entre o sonho sem limites de gerar um filho com a necessidade de manter os "pés no chão". 



Como sempre a consulta foi ótima, o meu médico, com a sua delicadeza e honestidade habituais, explicou-me quais estratégias iríamos seguir.
Ele disse que achava que deveríamos fazer novamente o tto antes de pensarmos em novos caminhos, pois tenho uma quantidade boa de folículos. Apenas precisaremos seguir um novo protocolo (longo), que tem como objetivo fazer com que os folículos cresçam de forma mais homogênea.  
A recomendação é que eu use a partir do 15°dia do ciclo anterior ao que farei a fiv o conteúdo de um envelope de Anarogel por dia. E a partir do 22°dia do ciclo deverei tomar 2 comprimidos de Nafita pela manhã e 2 pela noite. Assim que a menstruação descer, entre o 1° e 3° dia do ciclo,  devo realizar o ultrassom, ocasião em que será feita a avaliação para o início do tto.
Outra coisa que ele me informou é que durante a fiv com o protocolo longo o bloqueio será feito antes, mas não entrou em muitos detalhes e tb não questionei a respeito. Verdadeiro Milagre não perguntar nada!!! Logo eu, super detalhista, que quero saber "tudo de tudo" quando o assunto é fertilidade. Acho que realmente estou ficando um pouco mais relaxada. 
Na realidade a consulta foi ótima, trouxe-me muita calma e confiança. Além da fiv, conversamos sobre muitas outras coisas, inclusive, sobre como abrir o foco. Assunto do próximo post. 
E vamos que vamos rumo ao positivo. 



Ah! Pretendo recomeçar o tto em janeiro de 2017, eu e meu maridão precisamos nos capitalizar. $$$$$$ Money, money, money...
Que Deus abençoe nosso caminho e conceda-me a graça de gerar um filho.

e-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com


domingo, 28 de agosto de 2016

Guardemos o Cuidado

Meninas, li um texto que gostei muito, apesar de não ter nenhuma ligação com fertilidade, decidi compartilhá-lo.


Guardemos o Cuidado*

... mas nada é puro para
os contaminados e
infiéis.
(Paulo. Tito, 1:15)

O homem enxerga sempre, através da visão interior.

Com as cores que usa por dentro, julga os aspectos de fora.

Pelo que sente, examina os sentimentos alheios.

Na conduta dos outros, supõe encontrar os meios e fins das ações que lhe são peculiares.

Daí, o imperativo de grande vigilância para que a nossa consciência não se contamine pelo mal.

Quando a sombra vagueia em nossa mente, não vislumbramos senão sombras em toda parte.

Junto das manifestações do amor mais puro, imaginamos alucinações carnais.

Se encontramos um companheiro trajado com louvável apuro, pensamos em vaidade.

Ante o amigo chamado á carreira pública, mentalizamos a tirania política.

Se o vizinho sabe economizar com perfeito aproveitamento da oportunidade, fixamo-lo com desconfiança e costumamos tecer longas reflexões em torno de apropriações indébitas.

Quando ouvimos um amigo na defesa justa, usando a energia que lhe compete, relegamo-lo, de imediato, à categoria dos intratáveis.

Quando a treva se estende, na intimidade de nossa vida, deploráveis alterações nos atingem os pensamentos.

Virtudes, nessas circunstâncias, jamais são vistas.

Os males, contudo, sobram sempre.

Os mais largos gestos de bênção recebem lastimáveis interpretações.

Guardemos cuidado toda vez que formos visitados pela inveja, pelo ciúme, pela suspeita ou pela maledicência.

Casos intrincados existem nos quais o silêncio é o remédio bendito e eficaz, porque, sem dúvida, cada espírito observa o caminho ou o caminheiro, segundo a visão clara ou escura de que dispõe.
*Livro Fonte Viva - fl.95



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Oi, estou de volta...

Voltei...



Depois de atingir o grau máximo de ansiedade; algo que me fez mal de verdade, tanto fisicamente quanto mentalmente; decidi criar mecanismos para controlá-la e isso me deixou um tempo sem escrever.
Acho que parte da ansiedade vinha da minha ilusão de achar que podia ter o controle pleno da minha vida. Só que na verdade o nosso domínio sobre as coisas vai apenas até um certo ponto e como não queria aceitar isso acabei deixando esse sentimento angustiante tomar um espaço maior do que deveria.
Meu primeiro passo foi colocar verdadeiramente a minha existência nas mãos de Deus, confiar plenamente Nele. E, claro, comecei a tomar providências a meu favor, afinal não adianta ficar sentada esperando.
Decidi por orientação do meu homeopata, que informou que o açúcar desequilibra a energia vital do organismo e favorece o aumento da ansiedade, cortar o consumo de doce durante a semana (eu era uma verdadeira formiguinha). Hoje em dia quando bate aquela "fissura" recorro a uma barrinha de proteína de doce de leite (muito calórica, necessário consumir com moderação) ou alfarroba de coco. Para adoçar o cafezinho passei a utilizar o açúcar de coco, que tem caloria, mas apresenta baixo índice glicêmico.  Também, voltei a fazer exercícios físicos para  cuidar do "corpitcho" e para canalizar melhor os meus sentimentos e as minhas energias. 
Um outro ponto que precisei mudar foi o meu padrão mental, nós últimos meses havia descuidado dele e por isso meu nível energético não estava lá dos melhores. Estava parecendo irmã gêmea da hiena Hardy,lembram-se dela?
"Oh vida, oh céus, oh azar… isso não vai dar certo!”
E essa postura estava fazendo as coisas ficarem cada vez piores. Então, voltei a cuidar mais intensamente da minha espiritualidade, abri a mente e tirei-me do centro dos problemas. Assim, consegui mudar meu padrão mental e consequentemente meu coração começou a ficar mais tranquilo.
Óbvio que às vezes bate aquele desânimo ou medo,mas não permito que esses sentimentos ganhem força, tento neutralizá-los.
Para os ovários, comecei colocar, em jejum, debaixo da língua um pouquinho de geleia real (o "trem" é ruim para valer) e a tomar duas cápsulas de coenzima q10 antes do almoço. Não custa tentar, né? Afinal mal não faz. Também, tive indicação para tomar Dhea, mas como é andrógeno e pode ter efeitos colaterais não achei que valia o custo benefício, pois a possibilidade de ter queda de cabelo e aumento de pelos iriam trazer muita apreensão e consequentemente com ela viria a ansiedade, então, decidi não arriscar.
Também, fiz uma peregrinação visitando vários médicos da minha cidade, assunto do próximo post.
E assim está sendo o recomeço da busca pelo positivo. Vamos que vamos...



e-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com

domingo, 24 de julho de 2016

Sim, é permitido...

Percebi que atualmente a sociedade não permite o sofrimento.  A ideia difundida é de que sempre teremos que ser felizes e superar as coisas rapidamente, mas a realidade não é essa. Essa imposição dos tempos modernos talvez seja a causadora de tanta angústia nas pessoas. A dor faz parte da existência humana e muitas vezes só conseguimos sair dela quando assumimos a sua presença sem máscaras ou subterfúgios.
Meus últimos dois anos foram bem complicados. Sendo que os últimos dois meses foram especialmente difíceis, pois meu pai faleceu, meu trabalho alcançou o auge do estresse e a minha FIV deu negativo após duas induções, detalhe sem embriões excedentes para congelar.
Nesse tumulto todo senti uma tristeza profunda e as pessoas começaram a sufocar-me com palavras vazias e algumas vezes frias. Percebi que algumas colocações embora revestidas como um consolo foram proferidas para magoar-me, fora as insinuações de que eu estava sofrendo à toa ou fazendo drama.


Poucas pessoas têm conhecimento de que estou fazendo tratamento para engravidar e mesmo assim escutei tanta coisa patética absurda. O que mais ouvi foi: "Cuidado para isso não atrapalhar o seu casamento ou trabalho", "Faz parte", "Por que não relaxa", "Existe coisa pior"... É muito fácil falar essas coisas quando a própria vida deu certo. Quando essas pessoas estão com seus filhos e não tiveram suas expectativas frustradas por "anos a fio", seu corpo sobrecarregado de remédios e sua mente dominada pelo medo, pela ansiedade e pela angústia. Um dia desses perguntei para minha médica como ela se sentiria caso não pudesse ter tido os três filhos que tanto ama. Pedi para que imaginasse como seria se aquele dia em que decidiu engravidar estivesse se perpetuando até hoje sem sucesso. Na hora que escutou isso ela olhou para mim com a cara assustada e disse que nem conseguia imaginar como seria passar por isso. Pois é, o problema está na incapacidade que a maioria das pessoas tem de se colocar no lugar do outro. Fora que algumas se esqueceram que são humanas e que um dia precisarão da compreensão e da compaixão do outro, pois de uma forma ou de outra a dor invariavelmente chega para todos. Como já disse em outros posts, para alguns ter filhos é o maior projeto/sonho de vida. O impacto emocional de passar anos em busca da fertilidade é o mesmo de uma doença. 
E nesse contexto me permiti sentir a dor como ela era, passei um mês e meio vendo a vida bem preta, fazendo só o necessário.
Refleti muito, e como o tempo não para e não tenho a menor vocação para ser vítima ou para perder as rédeas da minha existência comecei a procurar caminhos para recomeçar a minha vida como um todo.  Voltei a malhar, a frequentar o centro espírita e a fazer leituras edificantes. Como estava ficando doente na loucura profissional em que estava inserida eu formalizei meu pedido de transferência de setor, afinal sempre fui uma ótima profissional e tinha essa prerrogativa, não podia continuar esperando ajuda de uma chefia que não se importava. Marquei retorno no meu médico para traçar uma nova estratégia para recomeçar a FIV. Comprei dois ótimos produtos da skincelticals "prevent" para passar no rosto, um durante o dia e outro à noite. Marquei salão para cuidar dos cabelos e comecei a tomar vitaminas e geléia real para os óvulos. 
E assim comecei a escalar a parede do poço no qual havia caído com a cara no chão. Confesso que em alguns momentos as coisas ainda estão cinzas, mas já estou bem melhor, graças a Deus!
E tudo isso só foi possível porque me permiti sofrer de verdade e a partir daí ter uma nova consciência sobre mim mesma. 
Nós fivetes somos mulheres muito corajosas e guerreiras e não podemos nos esquecer disso.
Então, digo:
Sim, é permitido sofrer sem culpa e sem medo para só depois seguir em frente.


terça-feira, 12 de julho de 2016

Será que teremos o nosso momento?

Desde a punção comecei aplicar 3x ao dia Utrogestan 200mg e tomar 1 comprimido de prednisona pela manhã (por causa do fan reagente), também continuei utilizando a Enoxalow 40mg, o Ácido Fólico 5mg e o Materna.

Depois da transferência fui dirigindo para casa e fiz repouso relativo. Ainda sentia dor por causa da punção, fora o inchaço, o excesso de gases e a indisposição. E para completar o quadro caótico tive orientação para não fazer exercícios físicos, evitar relação sexual e parar de usar alguns dos meus cremes anti-idade. Aff!!! A FIV além da ansiedade louca que causa, da grana que consome e da sobrecarga de remédios no organismo, não nos deixa, esteticamente falando, no nosso melhor momento como mulher, assim a autoestima vai ladeira abaixo.

Além disso, o pós-transferência para mim foi algo surreal no quesito ansiedade. Nos primeiros dias olhava umas quatro vezes por dia a tabela* de desenvolvimento de embriões. Também pesquisei todos os sites de sintomas ou ausência deles após implantação. Percebi que qualquer sintoma que pesquisarmos na internet, se bobear até dor no dedo do pé, encontraremos alguém falando que pode ser gravidez. Isso dá uma paranoia, algo insuportável.

Quanto mais se aproximava da data de fazer o beta mais a ansiedade aumentava e a incerteza consumia. No começo estava confiante, mas depois comecei a ficar com medo e para piorar os meus seios começaram a desinchar. Não apresentava nenhum sintoma além dos provocados pelos remédios.

Já meu marido estava o oposto de mim, tranquilo e muito confiante, fiquei muito apreensiva com isso. Como ele reagiria caso fosse negativo? Às vezes fico com medo do tratamento de fertilidade afetar nosso casamento. Todo esse processo mexe muito com o casal e o homem em alguns momentos tende a não falar muito sobre o assunto. Isso pode ser perigoso caso o tratamento se prolongue por mais tempo que o esperado. Quando o homem se isola a falta de diálogo pode fazer as coisas começarem a desandar. Sabe aqueles abismos silenciosos que às vezes surgem nos relacionamentos? Aqueles que se não cuidarmos faz tudo acabar sem nem nos darmos conta? Pois é! É isso que tento evitar no nosso relacionamento. Mantenho diálogo, muitas vezes monólogo e sempre tento mostrar o amor que sinto. Tento deixar claro para ele que é uma fase de dor, mas que vai passar, sempre passa. 
Rogo a Deus para abençoar,  proteger e fortalecer o nosso relacionamento todos os dias.




Retomando ao exame.
Chegava o natal, mas não chegava a data de fazer o beta, até que fatídico dia amanheceu. Eu e meu marido acordamos bem cedo para irmos ao laboratório, o resultado só sairia depois de 12h. A partir das 11h passei a dar F5 a cada 10 minutos, meu coração estava a mil até que na hora que menos esperava apareceu na tela do celular “resultado disponível”, isso já era 14h. Minhas pernas bambearam, sentei ao lado do meu marido para abrirmos juntos e...

NEGATIVO!!! Olhei de novo na esperança de estar sonhando e lá estava o NEGATIVO!!!

Uma dor brotou do fundo da minha alma, lágrimas correram e junto delas vieram os soluços de desespero. Que dor!!! Bateu um misto de revolta e tristeza profunda.  E mais uma vez estávamos eu e meu marido chorando juntos. Quando viria o momento do sorriso? Das lágrimas de emoção? Da fase de alegria?

Meninas, por mais que sabemos da possibilidade do negativo nunca estamos verdadeiramente preparados para ele. É natural carregarmos a esperança de que vai dar certo, que o milagre também vai se operar na nossa vida. Por isso na hora do negativo desabar é algo quase natural.

Os últimos anos não foram fáceis, rogo pela misericórdia divina e para que Jesus nos dê força para juntarmos os caquinhos para recomeçarmos. Desistir não está nos nossos planos.

Não desejo nem para a pior pessoa que conheço o que estou vivendo...

E fica a pergunta: Será que vai dar certo um dia? Será que teremos o nosso momento?



Tabela desenvolvimento embriões:
*Embriões de 3 Dias
Dia 1: O embrião continua a crescer e a se desenvolver, transformando-se de um embrião de 6-8 células para mórula
Dia 2: As células da mórula continuam a se dividir transformando-se em blastocisto
Dia 3: O blastocisto começa a sair de sua "casca"
Dia 4: O blastocisto continua saindo de sua casca e começa a "grudar" (implantar) no útero
Dia 5: O blastocisto fica ainda mais preso ao endométrio
Dia 6: O processo de implantação continua Dia 7: O processo de implantação está completo e as células que eventualmente se transformarão em placenta e no feto começam a se desenvolver
Dia 8: O hormônio gonadotrofina coriônica (hCG) começa a circular pela corrente sanguínea da mãe
Dia 9: O desenvolvimento fetal continua e os níveis do hormônio hCG continuam aumentando
Dia 10: O desenvolvimento fetal continua e os níveis de hCG continuam aumentando Dia 11: Os níveis de hCG já são suficientemente altos para se detectar a gravidez pelo exame de sangue.

Embriões de 5 Dias
Dia 1: O blastocisto começa a sair de sua "casca"
Dia 2: O blastocisto continua saindo de sua casca e começa a "grudar" (implantar) no útero
Dia 3: O blastocisto fica ainda mais preso ao endométrio
Dia 4: O processo de implantação continua
Dia 5: O processo de implantação está completo e as células que eventualmente se transformarão em placenta e no feto começam a se desenvolver
Dia 6: O hormônio gonadotrofina coriônica (hCG) começa a circular pela corrente sanguínea da mãe
Dia 7: O desenvolvimento fetal continua e os níveis do hormônio hCG continuam aumentando
Dia 8: O desenvolvimento fetal continua e os níveis de hCG continuam aumentando 
Dia 9: Os níveis de hCG já são suficientemente altos para se detectar a gravidez pelo exame de sangue.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Alimentos pós transferência



Por orientação do “Dr. Google” após a transferência decidi incluir na minha dieta alguns alimentos na esperança de dar uma forcinha para o meu guerreirinho. Incluí o abacaxi, a gelatina, o physalis e aumentei o consumo de ovo.

Abacaxi: possui uma alta concentração de enzima bromelina e vitamina C[1]. A enzima bromelina possui, entre outras funções, efeito anticoagulante e melhora a circulação, o que pode ajudar na vascularização do útero e facilitar a implantação do embrião. Já a vitamina C melhora a imunidade, evita o envelhecimento da pele, proporciona resistência aos ossos, melhora a absorção de ferro, tem ação antioxidante, entre outras.  
Eu já tomo anticoagulante, mas com tantos benefícios pensei: Por que não? Passei a comer uma fatia com talo por dia. No mínimo ficaria com a pele mais bonita.

Gelatina: rica em proteínas e colágeno. Li em alguns sites que ela é capaz de fortalecer o endométrio. Como detesto gelatina com sabor passei a comer por dia um potinho da sem sabor. Também é possível comprar cápsulas em loja de produtos naturais.


Ovo: rico em proteínas. 
Li que as mulheres que aumentam o consumo de proteína e diminuem a quantidade de carboidrato tem maior chance de sucesso em tratamentos de fertilização, por isso passei a comer duas claras e uma gema por dia.


Physalis: rica em vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de alcalóides e flavonóides. É conhecida por purificar o sangue, fortalecer o sistema imunológico, aliviar dores de garganta e ajudar a diminuir as taxas de colesterol. A população nativa da Amazônia utiliza os frutos, folhas e raízes no combate à diabetes, reumatismo, doenças da pele, bexiga, rins e fígado[2].
Pesquisas apontam que essa frutinha amarela diminui as chances de rejeição de órgãos transplantados, pois regula o sistema de defesa do organismo. Nesse sentindo os especialistas em fertilização acreditam que ela age da mesma forma no corpo da mulher que se submete a FIV, evitando assim a rejeição do embrião.
Achei essa frutinha danada. Antes de entrar no mundo da fertilização achava que a sua função era apenas a de decorar doces de casamento. 
Passei a comer de 3 a 6 unidades por dia.

Também passei a ter uma dieta mais equilibrada e beber bastante líquido, mas confesso que por causa da ansiedade o meu cardápio tem mais doce que o ideal.

Meninas, vou fazer tudo que for necessário para deixar o meu corpo mais receptivo para a gestação, mas sei que no fim das contas está nas mãos de Deus, apenas Ele pode dar ou tirar a vida. Então, fico na fé. 








[2] http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/A46physalis.htm

domingo, 10 de julho de 2016

Hora de seguir em frente e fazer a punção

O médico decidiu realizar a punção ao invés de interromper novamente as induções, a ideia era tentarmos conseguir três óvulos maduros. Na hora fiquei com medo, mas segui em frente.
Na segunda-feira deveria aplicar às 21h em ponto o medicamento Ovidrel 250mcg, que é responsável por promover a maturação final dos óvulos. Além de aplicar esse medicamento eu e meu marido deveríamos tomar dois comprimidos do antibiótico Azitromicina.
A coleta dos peixinhos e a realização da punção foi marcada para as 7h de quarta-feira.


Voltei para casa com a cabeça cheia, tudo foi muito inesperado. Uma coisa que estou aprendendo é que na FIV nada é muito certo, não adianta se planejar, pois as coisas mudam de uma hora para outra. A FIV está me ensinando a desapegar do meu hábito de querer planejar demais as coisas, mostrou-me que é uma ilusão achar que tenho o controle de algo.

Agora tinha que resolver apenas um detalhe (tá, nem tão detalhe assim), precisava contar para meu maridão que ele deveria estar em casa em 36h. Como não esperávamos a coleta dos óvulos para aquela semana ele viajou a trabalho, estava a “só” 500Km de casa.
Menos de 7 horas para o procedimento meu marido chegou. Informou que recolheria o sêmen cedinho e que não poderia acompanhar-me na punção, pois voltaria para a cidade onde estava trabalhando, não havia conseguido dispensa.

No dia seguinte cedinho fomos para a clínica. O médico realizou o ultrassom antes de encaminhar-me para o bloco cirúrgico, queria confirmar se não havia ovulado.
Saí da sala de ultrassom, despedi do meu marido que estava retornando ao trabalho e fui me preparar para o procedimento. Vi nos olhos dele o medo...

Coloquei a camisolinha verde, a toquinha, esvaziei a bexiga e fui para o bloco cirúrgico. Meninas, fiquei constrangida quando deitei na maca e amarraram a minha perna, quando fiz a curetagem eu apaguei antes de qualquer coisa, não sabia que era assim. Os médicos tranquilamente organizando as coisas para o procedimento e eu lá amarrada como sei lá o quê. Tive vontade de pegar o anestesista pelo o colarinho e pedir pelo amor de Deus para aplicar o remedinho mágico, tem coisa na vida que é melhor não ver.
De repente quando assustei estava numa cama com a enfermeira pedindo para que eu parasse de mexer, senão cairia.  Estava com o lado direito bem dolorido, mas em poucos minutos o buscopan começou a fazer efeito. Como estava sem acompanhante a minha liberação seria um pouco mais tarde para que pudesse recuperar-me melhor. Mais uma vez tenho muito a agradecer as pessoas da clínica, cuidaram de mim com muito carinho e delicadeza.

Foram aspirados 12 óvulos, mas apenas 4 maduros . Desses 4, 2 fertilizaram e somente 1 desenvolveu. A ideia inicial era implantar em ciclo natural, mas como não consegui muitos embriões ficou decidido que implantaria no sábado, três dias após a punção (d3).
Na quinta-feira meu telefone tocou, era da clínica, demorei uns 7 segundos até tomar coragem para atender, pois estava com medo de ouvir que o meu guerreirinho não havia se multiplicado da forma correta. Mas, graças a Deus, era para avisar que a punção seria na sexta-feira, no d2 e não mais no d3. Olha aí, mais uma vez os planos mudando.

De quinta para sexta passei muito mal, estava com muitos gases e à noite senti uma dor abdominal inexplicável. Estava sozinha em casa, sem conseguir ficar de pé e olha que meu limiar de dor é alto, a última vez que havia sentido algo parecido foi quando quebrei o cóccix, isso há 22 anos. No desespero tomei um buscopan vencido, único remédio que tinha em casa e o luftal em gotas do meu cãozinho. Deitei na cama com meu cachorro e pedi para Deus me curar e preparar o corpo para a transferência que seria no dia seguinte.

Depois de uma noite difícil acordei melhor, troquei de roupa e fui buscar meu guerreirinho, um embrião de dois dias, classificação 5II.



Apesar de ter apenas um embrião e isso causar tanta apreensão sabia que aquele não era o momento de desesperar. Só me restava rezar e confiar em Jesus e Nossa Senhora.



sábado, 2 de julho de 2016

Bora começar de novo



No segundo dia do ciclo (segunda-feira) fui fazer o ultrassom e o médico visualizou 9 folículos, 7 no ovário esquerdo e 2 do direito, este está se mostrando um pouco preguiçoso ultimamente. Por que será que isso está acontecendo? É tão difícil não saber o motivo, dá uma aflição, mas tudo bem! Nove é um bom número.
Pensei que antes de iniciar a indução precisaria tomar pílula por alguns dias, mas para a minha surpresa a enfermeira chegou com a medicação. Cheguei a hesitar, mas na hora que assustei, ela já tinha levantado a minha blusa e aplicado a injeção (mais rápida que The Flash).  
O sentimento humano é algo muito doido, estava sonhando com o momento de recomeçar o tratamento e na hora do vamos ver fiquei com medo. Tantas inseguranças passaram pelo meu coração. E se desse errado de novo? E se não conseguisse muitos óvulos? E se não tivesse o meu tão sonhado positivo? E se...? E se...? E se...?
A medicação que a enfermeira aplicou foi o Enlova 100mcg, na hora senti meu corpo todo esquentar e uma leve tontura, mas pouco tempo depois passou.  Nem sei se senti isso devido à medicação ou à adrenalina do momento.
O Enlova é uma injeção única com dose equivalente a sete dias de medicação[1] o que evita pelo menos nos primeiros dias da estimulação ovariana as picadinhas diárias. Meu médico marcou o meu retorno para sexta-feira, 5 dias após aplicar o Enlova, e até lá apenas necessitaria tomar o anticoagulante e o polivitamínico.

O dia de fazer o segundo ultrassom chegou. Costumo falar pelos cotovelos, mas nesse dia entrei na clínica travada, coração a mil, acho que só consegui dar oi. Coloquei a camisolinha e fui... Tinham 12 folículos e todos crescendo mais ou menos do mesmo tamanho. Ufa, os primeiros 5 dias vencidos, graças a Deus!
Na segunda etapa de medicações iria utilizar o Fostimon, 150ui na sexta e 300ui no sábado. No domingo aplicaria mais uma dose de fostimon 300ui e às 22h deveria utilizar o Orgalutran (antagonista) para na segunda-feira retornar à clínica.
Para aplicar o fostimon é necessário misturar o diluente que vem naqueles "vidrinhos cortam dedo"[2] no pozinho que vem num frasquinho. 
  
No geral sou bem corajosa, mas sempre tive aflição de injeção, fico tonta quando tiro sangue, mas pelo meu baby tive que vencer mais esse medo e hoje em dia tiro de letra. Na primeira vez que precisei preparar o fostimon (na primeira indução) foi um fiasco. Na hora em que fui quebrar o “vidrinho do mal” rasguei meu indicador, um corte daqueles profundos que não param de sangrar de jeito nenhum. Sujei o banheiro inteiro, até meu cachorrinho ficou vermelho, mas estava obstinada a não perder o medicamento que estava aberto (muito caro). Enrolei um pano de prato no dedo (sei que é nojento), misturei as substâncias e apliquei na barriga sem pensar e foi assim no desespero que aprendi a lidar com o meu medo de injeção.
Hoje quebro esses vidrinhos com mais habilidade, dou umas batidinhas na ponta para tirar o líquido que às vezes fica lá, posiciono a bolinha vermelha para fora, seguro firme com o indicador e o polegar e quebro utilizando uma toalha, nunca mais tive problema. 

O dia do terceiro ultrassom chegou, estava confiante. O que poderia dar errado? Afinal já tinha passado pela primeira ultra e estava tudo bem. Era meu otimismo habitual tomando conta de mim de novo. Não consigo controlá-lo quando assusto já se instalou.
Na hora em que o médico começou a realizar o exame ficamos animados tinham muitos folículos com tamanhos excelentes, estavam variando entre 10 e 14mm e de repente vi duas bolas enormes na tela. Meu Deus!!! De novo não!!! Três folículos dispararam, um deles estava com 19mm, os outros dois não sei fiquei surda depois de ver o super folículo. O médico não entendeu como foi crescer tanto em apenas três dias.

Naquele instante fiquei perdida e arrasada, sentei num banquinho sem dizer uma palavra e o médico e a enfermeira ficaram olhando para mim. Vi nos olhos deles o sinto muito.

E agora? O que fazer? Continuar e marcar a punção e tentar conseguir três óvulos maduros ou interromper o tratamento novamente?




Toda vez na minha vida em que penso desistir ou entregar-me ao desespero algo dentro de mim me diz para acreditar. E assim vou seguindo sempre na fé e na confiança...




quarta-feira, 29 de junho de 2016

Estranha mania


Depois que a indução foi interrompida só me restava aguardar a menstruação, mas claro que atrasou. Não foi um atraso bobo (considerando o padrão do meu ciclo) e com isso a danada da ansiedade começou a dar as caras novamente. Perdi as contas de quantos e-mails mandei para meu médico, imaginei uma infinidade de coisas que poderiam estar acontecendo. Minha mente é igual a do Bobby, aquele menininho do desenho “O Fantástico Mundo de Bobby”, lembram-se dele? Então, imaginem os diversos absurdos que pensei. Pacientemente meu médico respondeu os “254.678.103” de e-mails que lhe encaminhei e em todos pedia para que eu aguardasse mais um pouco, pois os hormônios poderiam ser os responsáveis por isso. Como é difícil simplesmente aguardar, né? Estou “aprendendo isso na marra” nos últimos tempos.



No 11º dia do atraso acordei e fui correndo para o banheiro  na expectativa de olhar o papel e ver se  a tão desejada menstruação estava lá (nas semanas anteriores havia feito isso todos os dias), mas nada novamente... “snif-snif”

Naquele dia estava me sentindo tão sozinha e desamparada. 
Conversei com Jesus, minha fé pela primeira vez na vida estava balançada, não estava conseguindo senti-lo como antes, implorei para não me abandonar, não podia viver sem Ele. Roguei por socorro e misericórdia. E adivinhem? Menos de 10 minutos depois minha menstruação desceu. Nesse momento senti uma paz, como se tivesse sido abraçada, como se Jesus falasse comigo: - Estou aqui! Vai dar certo, tenha fé e coragem.

Vocês já perceberam como nós fivetes, como na música, temos aquela estranha mania de ter na fé na vida?

Recomeçamos quantas vezes forem necessárias, mesmo quando estamos em frangalhos.
Acreditamos no milagre por mais que às vezes digam que é difícil. Pode estar 99% ruim, mas nos apegamos ao 1% com todo o nosso coração. Seguimos o lema:


[...] “Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
[1]”.

E eu estava lá novamente acreditando que desta vez daria certo. 
No dia seguinte iria ao médico fazer o ultrassom e definir qual seria o protocolo para o recomeço do tratamento.







[1] Música: Maria, Maria - Milton Nascimento e Fernando Brant

quinta-feira, 23 de junho de 2016

E agora, José?


Depois de muito caminhar iniciamos as induções, estava muito empolgada.
Tinha 12 ou 13 folículos antrais[1], não me lembro ao certo, a maioria no ovário esquerdo, o direito estava um pouco mais preguiçoso o que inclusive justificaria o AMH um pouco mais baixo. Não sabemos ao certo o porquê disso, talvez um acidente que sofri no passado possa o ter lesionado, mas graças a Deus estava tudo perfeito no esquerdo.
Estava muito empolgada e cheia de esperanças.
Tomaria o fostimon, numa dose um pouco mais alta por causa do AMH, a enoxaparina e um polivitamínico, os dois últimos recomendação do hematologista. Após 5 dias deveria voltar para fazer o ultrassom.
Chegou o tão esperado dia, arrumei-me e fui à clínica. O médico olhou o ovário esquerdo e os folículos crescendo lindamente, mas quando olhou o direito havia um folículo enorme 17mm, muito maior que os outros que estavam em torno de 9mm. Consequência interrupção da indução.
Meninas, bateu uma tristeza misturada com desespero e medo que nem consigo explicar, chorei como uma criança. Foi um misto de tristeza e medo por ter meu maior sonho interrompido e desespero pela questão financeira, perderia todo o dinheiro. Socorro!!! Tive vontade de cair de joelhos. Por que isso estava acontecendo? Por que tanta dor?
Não estava acreditando que a minha FIV, que é um procedimento desgastante por si só quando todas as etapas dão certo, iria ser interrompida no meio do caminho. Tanto tempo sonhando, esperando, lutando, acreditando...
Confesso! Estava com o pé no chão antes de iniciar a FIV, bem consciente das diversas etapas que deveria vencer, mas na hora que iniciei o tratamento voltei quase que instantaneamente para o mundo de “Pollyanna”[2] e confiei que tudo daria certo, simples assim. Para muita gente dá, né? Por que para mim não daria. Resultado: caí do “mundo do contente” para o mundo real, espatifei no chão, não tinha nem uma graminha para amortecer a queda.
Já passei muita coisa na minha vida, luto muito desde a morte da minha mãe, mas a busca pela fertilidade anda mexendo comigo de uma forma muito diferente, algo inexplicável. Talvez porque seja meu maior sonho, gerar um filho, começar uma nova família. Sei lá!!! Chorar anda sendo algo corriqueiro na minha vida, espero que Deus abençoe e em breve chore, mas de alegria.

Deus sabe o que faz, né? Uma semana após a interrupção da FIV meu pai faleceu de repente, assim, do nada. Nesse dia caí literalmente de joelhos. Meu Deus!!! E agora???

O trem ficou complicado.

“E agora, José?[3]
[...]
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
[...]
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?”

Continuei marchando...
Recomeçaria a FIV na fé, na raça, nos dentes.


E vamos que vamos rumo ao positivo e fiel ao lema “Tudo pelo Baby”.




[1] A contagem de folículos na fase folicular inicial (primeiros dias do ciclo menstrual) demonstra a quantidade de possíveis folículos que podem ser estimulados durante o tratamento de estimulação ovariana para a inseminação artificial ou a fertilização in vitro.
[2] Pollyanna: Menina contente, sua família inteira está morta e leva alegria por onde passa. http://stella-paiva.blogspot.com.br/2012/02/resumo-do-livro-pollyanna-eleanor-h.html