domingo, 24 de julho de 2016

Sim, é permitido...

Percebi que atualmente a sociedade não permite o sofrimento.  A ideia difundida é de que sempre teremos que ser felizes e superar as coisas rapidamente, mas a realidade não é essa. Essa imposição dos tempos modernos talvez seja a causadora de tanta angústia nas pessoas. A dor faz parte da existência humana e muitas vezes só conseguimos sair dela quando assumimos a sua presença sem máscaras ou subterfúgios.
Meus últimos dois anos foram bem complicados. Sendo que os últimos dois meses foram especialmente difíceis, pois meu pai faleceu, meu trabalho alcançou o auge do estresse e a minha FIV deu negativo após duas induções, detalhe sem embriões excedentes para congelar.
Nesse tumulto todo senti uma tristeza profunda e as pessoas começaram a sufocar-me com palavras vazias e algumas vezes frias. Percebi que algumas colocações embora revestidas como um consolo foram proferidas para magoar-me, fora as insinuações de que eu estava sofrendo à toa ou fazendo drama.


Poucas pessoas têm conhecimento de que estou fazendo tratamento para engravidar e mesmo assim escutei tanta coisa patética absurda. O que mais ouvi foi: "Cuidado para isso não atrapalhar o seu casamento ou trabalho", "Faz parte", "Por que não relaxa", "Existe coisa pior"... É muito fácil falar essas coisas quando a própria vida deu certo. Quando essas pessoas estão com seus filhos e não tiveram suas expectativas frustradas por "anos a fio", seu corpo sobrecarregado de remédios e sua mente dominada pelo medo, pela ansiedade e pela angústia. Um dia desses perguntei para minha médica como ela se sentiria caso não pudesse ter tido os três filhos que tanto ama. Pedi para que imaginasse como seria se aquele dia em que decidiu engravidar estivesse se perpetuando até hoje sem sucesso. Na hora que escutou isso ela olhou para mim com a cara assustada e disse que nem conseguia imaginar como seria passar por isso. Pois é, o problema está na incapacidade que a maioria das pessoas tem de se colocar no lugar do outro. Fora que algumas se esqueceram que são humanas e que um dia precisarão da compreensão e da compaixão do outro, pois de uma forma ou de outra a dor invariavelmente chega para todos. Como já disse em outros posts, para alguns ter filhos é o maior projeto/sonho de vida. O impacto emocional de passar anos em busca da fertilidade é o mesmo de uma doença. 
E nesse contexto me permiti sentir a dor como ela era, passei um mês e meio vendo a vida bem preta, fazendo só o necessário.
Refleti muito, e como o tempo não para e não tenho a menor vocação para ser vítima ou para perder as rédeas da minha existência comecei a procurar caminhos para recomeçar a minha vida como um todo.  Voltei a malhar, a frequentar o centro espírita e a fazer leituras edificantes. Como estava ficando doente na loucura profissional em que estava inserida eu formalizei meu pedido de transferência de setor, afinal sempre fui uma ótima profissional e tinha essa prerrogativa, não podia continuar esperando ajuda de uma chefia que não se importava. Marquei retorno no meu médico para traçar uma nova estratégia para recomeçar a FIV. Comprei dois ótimos produtos da skincelticals "prevent" para passar no rosto, um durante o dia e outro à noite. Marquei salão para cuidar dos cabelos e comecei a tomar vitaminas e geléia real para os óvulos. 
E assim comecei a escalar a parede do poço no qual havia caído com a cara no chão. Confesso que em alguns momentos as coisas ainda estão cinzas, mas já estou bem melhor, graças a Deus!
E tudo isso só foi possível porque me permiti sofrer de verdade e a partir daí ter uma nova consciência sobre mim mesma. 
Nós fivetes somos mulheres muito corajosas e guerreiras e não podemos nos esquecer disso.
Então, digo:
Sim, é permitido sofrer sem culpa e sem medo para só depois seguir em frente.


terça-feira, 12 de julho de 2016

Será que teremos o nosso momento?

Desde a punção comecei aplicar 3x ao dia Utrogestan 200mg e tomar 1 comprimido de prednisona pela manhã (por causa do fan reagente), também continuei utilizando a Enoxalow 40mg, o Ácido Fólico 5mg e o Materna.

Depois da transferência fui dirigindo para casa e fiz repouso relativo. Ainda sentia dor por causa da punção, fora o inchaço, o excesso de gases e a indisposição. E para completar o quadro caótico tive orientação para não fazer exercícios físicos, evitar relação sexual e parar de usar alguns dos meus cremes anti-idade. Aff!!! A FIV além da ansiedade louca que causa, da grana que consome e da sobrecarga de remédios no organismo, não nos deixa, esteticamente falando, no nosso melhor momento como mulher, assim a autoestima vai ladeira abaixo.

Além disso, o pós-transferência para mim foi algo surreal no quesito ansiedade. Nos primeiros dias olhava umas quatro vezes por dia a tabela* de desenvolvimento de embriões. Também pesquisei todos os sites de sintomas ou ausência deles após implantação. Percebi que qualquer sintoma que pesquisarmos na internet, se bobear até dor no dedo do pé, encontraremos alguém falando que pode ser gravidez. Isso dá uma paranoia, algo insuportável.

Quanto mais se aproximava da data de fazer o beta mais a ansiedade aumentava e a incerteza consumia. No começo estava confiante, mas depois comecei a ficar com medo e para piorar os meus seios começaram a desinchar. Não apresentava nenhum sintoma além dos provocados pelos remédios.

Já meu marido estava o oposto de mim, tranquilo e muito confiante, fiquei muito apreensiva com isso. Como ele reagiria caso fosse negativo? Às vezes fico com medo do tratamento de fertilidade afetar nosso casamento. Todo esse processo mexe muito com o casal e o homem em alguns momentos tende a não falar muito sobre o assunto. Isso pode ser perigoso caso o tratamento se prolongue por mais tempo que o esperado. Quando o homem se isola a falta de diálogo pode fazer as coisas começarem a desandar. Sabe aqueles abismos silenciosos que às vezes surgem nos relacionamentos? Aqueles que se não cuidarmos faz tudo acabar sem nem nos darmos conta? Pois é! É isso que tento evitar no nosso relacionamento. Mantenho diálogo, muitas vezes monólogo e sempre tento mostrar o amor que sinto. Tento deixar claro para ele que é uma fase de dor, mas que vai passar, sempre passa. 
Rogo a Deus para abençoar,  proteger e fortalecer o nosso relacionamento todos os dias.




Retomando ao exame.
Chegava o natal, mas não chegava a data de fazer o beta, até que fatídico dia amanheceu. Eu e meu marido acordamos bem cedo para irmos ao laboratório, o resultado só sairia depois de 12h. A partir das 11h passei a dar F5 a cada 10 minutos, meu coração estava a mil até que na hora que menos esperava apareceu na tela do celular “resultado disponível”, isso já era 14h. Minhas pernas bambearam, sentei ao lado do meu marido para abrirmos juntos e...

NEGATIVO!!! Olhei de novo na esperança de estar sonhando e lá estava o NEGATIVO!!!

Uma dor brotou do fundo da minha alma, lágrimas correram e junto delas vieram os soluços de desespero. Que dor!!! Bateu um misto de revolta e tristeza profunda.  E mais uma vez estávamos eu e meu marido chorando juntos. Quando viria o momento do sorriso? Das lágrimas de emoção? Da fase de alegria?

Meninas, por mais que sabemos da possibilidade do negativo nunca estamos verdadeiramente preparados para ele. É natural carregarmos a esperança de que vai dar certo, que o milagre também vai se operar na nossa vida. Por isso na hora do negativo desabar é algo quase natural.

Os últimos anos não foram fáceis, rogo pela misericórdia divina e para que Jesus nos dê força para juntarmos os caquinhos para recomeçarmos. Desistir não está nos nossos planos.

Não desejo nem para a pior pessoa que conheço o que estou vivendo...

E fica a pergunta: Será que vai dar certo um dia? Será que teremos o nosso momento?



Tabela desenvolvimento embriões:
*Embriões de 3 Dias
Dia 1: O embrião continua a crescer e a se desenvolver, transformando-se de um embrião de 6-8 células para mórula
Dia 2: As células da mórula continuam a se dividir transformando-se em blastocisto
Dia 3: O blastocisto começa a sair de sua "casca"
Dia 4: O blastocisto continua saindo de sua casca e começa a "grudar" (implantar) no útero
Dia 5: O blastocisto fica ainda mais preso ao endométrio
Dia 6: O processo de implantação continua Dia 7: O processo de implantação está completo e as células que eventualmente se transformarão em placenta e no feto começam a se desenvolver
Dia 8: O hormônio gonadotrofina coriônica (hCG) começa a circular pela corrente sanguínea da mãe
Dia 9: O desenvolvimento fetal continua e os níveis do hormônio hCG continuam aumentando
Dia 10: O desenvolvimento fetal continua e os níveis de hCG continuam aumentando Dia 11: Os níveis de hCG já são suficientemente altos para se detectar a gravidez pelo exame de sangue.

Embriões de 5 Dias
Dia 1: O blastocisto começa a sair de sua "casca"
Dia 2: O blastocisto continua saindo de sua casca e começa a "grudar" (implantar) no útero
Dia 3: O blastocisto fica ainda mais preso ao endométrio
Dia 4: O processo de implantação continua
Dia 5: O processo de implantação está completo e as células que eventualmente se transformarão em placenta e no feto começam a se desenvolver
Dia 6: O hormônio gonadotrofina coriônica (hCG) começa a circular pela corrente sanguínea da mãe
Dia 7: O desenvolvimento fetal continua e os níveis do hormônio hCG continuam aumentando
Dia 8: O desenvolvimento fetal continua e os níveis de hCG continuam aumentando 
Dia 9: Os níveis de hCG já são suficientemente altos para se detectar a gravidez pelo exame de sangue.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Alimentos pós transferência



Por orientação do “Dr. Google” após a transferência decidi incluir na minha dieta alguns alimentos na esperança de dar uma forcinha para o meu guerreirinho. Incluí o abacaxi, a gelatina, o physalis e aumentei o consumo de ovo.

Abacaxi: possui uma alta concentração de enzima bromelina e vitamina C[1]. A enzima bromelina possui, entre outras funções, efeito anticoagulante e melhora a circulação, o que pode ajudar na vascularização do útero e facilitar a implantação do embrião. Já a vitamina C melhora a imunidade, evita o envelhecimento da pele, proporciona resistência aos ossos, melhora a absorção de ferro, tem ação antioxidante, entre outras.  
Eu já tomo anticoagulante, mas com tantos benefícios pensei: Por que não? Passei a comer uma fatia com talo por dia. No mínimo ficaria com a pele mais bonita.

Gelatina: rica em proteínas e colágeno. Li em alguns sites que ela é capaz de fortalecer o endométrio. Como detesto gelatina com sabor passei a comer por dia um potinho da sem sabor. Também é possível comprar cápsulas em loja de produtos naturais.


Ovo: rico em proteínas. 
Li que as mulheres que aumentam o consumo de proteína e diminuem a quantidade de carboidrato tem maior chance de sucesso em tratamentos de fertilização, por isso passei a comer duas claras e uma gema por dia.


Physalis: rica em vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de alcalóides e flavonóides. É conhecida por purificar o sangue, fortalecer o sistema imunológico, aliviar dores de garganta e ajudar a diminuir as taxas de colesterol. A população nativa da Amazônia utiliza os frutos, folhas e raízes no combate à diabetes, reumatismo, doenças da pele, bexiga, rins e fígado[2].
Pesquisas apontam que essa frutinha amarela diminui as chances de rejeição de órgãos transplantados, pois regula o sistema de defesa do organismo. Nesse sentindo os especialistas em fertilização acreditam que ela age da mesma forma no corpo da mulher que se submete a FIV, evitando assim a rejeição do embrião.
Achei essa frutinha danada. Antes de entrar no mundo da fertilização achava que a sua função era apenas a de decorar doces de casamento. 
Passei a comer de 3 a 6 unidades por dia.

Também passei a ter uma dieta mais equilibrada e beber bastante líquido, mas confesso que por causa da ansiedade o meu cardápio tem mais doce que o ideal.

Meninas, vou fazer tudo que for necessário para deixar o meu corpo mais receptivo para a gestação, mas sei que no fim das contas está nas mãos de Deus, apenas Ele pode dar ou tirar a vida. Então, fico na fé. 








[2] http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/A46physalis.htm

domingo, 10 de julho de 2016

Hora de seguir em frente e fazer a punção

O médico decidiu realizar a punção ao invés de interromper novamente as induções, a ideia era tentarmos conseguir três óvulos maduros. Na hora fiquei com medo, mas segui em frente.
Na segunda-feira deveria aplicar às 21h em ponto o medicamento Ovidrel 250mcg, que é responsável por promover a maturação final dos óvulos. Além de aplicar esse medicamento eu e meu marido deveríamos tomar dois comprimidos do antibiótico Azitromicina.
A coleta dos peixinhos e a realização da punção foi marcada para as 7h de quarta-feira.


Voltei para casa com a cabeça cheia, tudo foi muito inesperado. Uma coisa que estou aprendendo é que na FIV nada é muito certo, não adianta se planejar, pois as coisas mudam de uma hora para outra. A FIV está me ensinando a desapegar do meu hábito de querer planejar demais as coisas, mostrou-me que é uma ilusão achar que tenho o controle de algo.

Agora tinha que resolver apenas um detalhe (tá, nem tão detalhe assim), precisava contar para meu maridão que ele deveria estar em casa em 36h. Como não esperávamos a coleta dos óvulos para aquela semana ele viajou a trabalho, estava a “só” 500Km de casa.
Menos de 7 horas para o procedimento meu marido chegou. Informou que recolheria o sêmen cedinho e que não poderia acompanhar-me na punção, pois voltaria para a cidade onde estava trabalhando, não havia conseguido dispensa.

No dia seguinte cedinho fomos para a clínica. O médico realizou o ultrassom antes de encaminhar-me para o bloco cirúrgico, queria confirmar se não havia ovulado.
Saí da sala de ultrassom, despedi do meu marido que estava retornando ao trabalho e fui me preparar para o procedimento. Vi nos olhos dele o medo...

Coloquei a camisolinha verde, a toquinha, esvaziei a bexiga e fui para o bloco cirúrgico. Meninas, fiquei constrangida quando deitei na maca e amarraram a minha perna, quando fiz a curetagem eu apaguei antes de qualquer coisa, não sabia que era assim. Os médicos tranquilamente organizando as coisas para o procedimento e eu lá amarrada como sei lá o quê. Tive vontade de pegar o anestesista pelo o colarinho e pedir pelo amor de Deus para aplicar o remedinho mágico, tem coisa na vida que é melhor não ver.
De repente quando assustei estava numa cama com a enfermeira pedindo para que eu parasse de mexer, senão cairia.  Estava com o lado direito bem dolorido, mas em poucos minutos o buscopan começou a fazer efeito. Como estava sem acompanhante a minha liberação seria um pouco mais tarde para que pudesse recuperar-me melhor. Mais uma vez tenho muito a agradecer as pessoas da clínica, cuidaram de mim com muito carinho e delicadeza.

Foram aspirados 12 óvulos, mas apenas 4 maduros . Desses 4, 2 fertilizaram e somente 1 desenvolveu. A ideia inicial era implantar em ciclo natural, mas como não consegui muitos embriões ficou decidido que implantaria no sábado, três dias após a punção (d3).
Na quinta-feira meu telefone tocou, era da clínica, demorei uns 7 segundos até tomar coragem para atender, pois estava com medo de ouvir que o meu guerreirinho não havia se multiplicado da forma correta. Mas, graças a Deus, era para avisar que a punção seria na sexta-feira, no d2 e não mais no d3. Olha aí, mais uma vez os planos mudando.

De quinta para sexta passei muito mal, estava com muitos gases e à noite senti uma dor abdominal inexplicável. Estava sozinha em casa, sem conseguir ficar de pé e olha que meu limiar de dor é alto, a última vez que havia sentido algo parecido foi quando quebrei o cóccix, isso há 22 anos. No desespero tomei um buscopan vencido, único remédio que tinha em casa e o luftal em gotas do meu cãozinho. Deitei na cama com meu cachorro e pedi para Deus me curar e preparar o corpo para a transferência que seria no dia seguinte.

Depois de uma noite difícil acordei melhor, troquei de roupa e fui buscar meu guerreirinho, um embrião de dois dias, classificação 5II.



Apesar de ter apenas um embrião e isso causar tanta apreensão sabia que aquele não era o momento de desesperar. Só me restava rezar e confiar em Jesus e Nossa Senhora.



sábado, 2 de julho de 2016

Bora começar de novo



No segundo dia do ciclo (segunda-feira) fui fazer o ultrassom e o médico visualizou 9 folículos, 7 no ovário esquerdo e 2 do direito, este está se mostrando um pouco preguiçoso ultimamente. Por que será que isso está acontecendo? É tão difícil não saber o motivo, dá uma aflição, mas tudo bem! Nove é um bom número.
Pensei que antes de iniciar a indução precisaria tomar pílula por alguns dias, mas para a minha surpresa a enfermeira chegou com a medicação. Cheguei a hesitar, mas na hora que assustei, ela já tinha levantado a minha blusa e aplicado a injeção (mais rápida que The Flash).  
O sentimento humano é algo muito doido, estava sonhando com o momento de recomeçar o tratamento e na hora do vamos ver fiquei com medo. Tantas inseguranças passaram pelo meu coração. E se desse errado de novo? E se não conseguisse muitos óvulos? E se não tivesse o meu tão sonhado positivo? E se...? E se...? E se...?
A medicação que a enfermeira aplicou foi o Enlova 100mcg, na hora senti meu corpo todo esquentar e uma leve tontura, mas pouco tempo depois passou.  Nem sei se senti isso devido à medicação ou à adrenalina do momento.
O Enlova é uma injeção única com dose equivalente a sete dias de medicação[1] o que evita pelo menos nos primeiros dias da estimulação ovariana as picadinhas diárias. Meu médico marcou o meu retorno para sexta-feira, 5 dias após aplicar o Enlova, e até lá apenas necessitaria tomar o anticoagulante e o polivitamínico.

O dia de fazer o segundo ultrassom chegou. Costumo falar pelos cotovelos, mas nesse dia entrei na clínica travada, coração a mil, acho que só consegui dar oi. Coloquei a camisolinha e fui... Tinham 12 folículos e todos crescendo mais ou menos do mesmo tamanho. Ufa, os primeiros 5 dias vencidos, graças a Deus!
Na segunda etapa de medicações iria utilizar o Fostimon, 150ui na sexta e 300ui no sábado. No domingo aplicaria mais uma dose de fostimon 300ui e às 22h deveria utilizar o Orgalutran (antagonista) para na segunda-feira retornar à clínica.
Para aplicar o fostimon é necessário misturar o diluente que vem naqueles "vidrinhos cortam dedo"[2] no pozinho que vem num frasquinho. 
  
No geral sou bem corajosa, mas sempre tive aflição de injeção, fico tonta quando tiro sangue, mas pelo meu baby tive que vencer mais esse medo e hoje em dia tiro de letra. Na primeira vez que precisei preparar o fostimon (na primeira indução) foi um fiasco. Na hora em que fui quebrar o “vidrinho do mal” rasguei meu indicador, um corte daqueles profundos que não param de sangrar de jeito nenhum. Sujei o banheiro inteiro, até meu cachorrinho ficou vermelho, mas estava obstinada a não perder o medicamento que estava aberto (muito caro). Enrolei um pano de prato no dedo (sei que é nojento), misturei as substâncias e apliquei na barriga sem pensar e foi assim no desespero que aprendi a lidar com o meu medo de injeção.
Hoje quebro esses vidrinhos com mais habilidade, dou umas batidinhas na ponta para tirar o líquido que às vezes fica lá, posiciono a bolinha vermelha para fora, seguro firme com o indicador e o polegar e quebro utilizando uma toalha, nunca mais tive problema. 

O dia do terceiro ultrassom chegou, estava confiante. O que poderia dar errado? Afinal já tinha passado pela primeira ultra e estava tudo bem. Era meu otimismo habitual tomando conta de mim de novo. Não consigo controlá-lo quando assusto já se instalou.
Na hora em que o médico começou a realizar o exame ficamos animados tinham muitos folículos com tamanhos excelentes, estavam variando entre 10 e 14mm e de repente vi duas bolas enormes na tela. Meu Deus!!! De novo não!!! Três folículos dispararam, um deles estava com 19mm, os outros dois não sei fiquei surda depois de ver o super folículo. O médico não entendeu como foi crescer tanto em apenas três dias.

Naquele instante fiquei perdida e arrasada, sentei num banquinho sem dizer uma palavra e o médico e a enfermeira ficaram olhando para mim. Vi nos olhos deles o sinto muito.

E agora? O que fazer? Continuar e marcar a punção e tentar conseguir três óvulos maduros ou interromper o tratamento novamente?




Toda vez na minha vida em que penso desistir ou entregar-me ao desespero algo dentro de mim me diz para acreditar. E assim vou seguindo sempre na fé e na confiança...