quarta-feira, 29 de junho de 2016

Estranha mania


Depois que a indução foi interrompida só me restava aguardar a menstruação, mas claro que atrasou. Não foi um atraso bobo (considerando o padrão do meu ciclo) e com isso a danada da ansiedade começou a dar as caras novamente. Perdi as contas de quantos e-mails mandei para meu médico, imaginei uma infinidade de coisas que poderiam estar acontecendo. Minha mente é igual a do Bobby, aquele menininho do desenho “O Fantástico Mundo de Bobby”, lembram-se dele? Então, imaginem os diversos absurdos que pensei. Pacientemente meu médico respondeu os “254.678.103” de e-mails que lhe encaminhei e em todos pedia para que eu aguardasse mais um pouco, pois os hormônios poderiam ser os responsáveis por isso. Como é difícil simplesmente aguardar, né? Estou “aprendendo isso na marra” nos últimos tempos.



No 11º dia do atraso acordei e fui correndo para o banheiro  na expectativa de olhar o papel e ver se  a tão desejada menstruação estava lá (nas semanas anteriores havia feito isso todos os dias), mas nada novamente... “snif-snif”

Naquele dia estava me sentindo tão sozinha e desamparada. 
Conversei com Jesus, minha fé pela primeira vez na vida estava balançada, não estava conseguindo senti-lo como antes, implorei para não me abandonar, não podia viver sem Ele. Roguei por socorro e misericórdia. E adivinhem? Menos de 10 minutos depois minha menstruação desceu. Nesse momento senti uma paz, como se tivesse sido abraçada, como se Jesus falasse comigo: - Estou aqui! Vai dar certo, tenha fé e coragem.

Vocês já perceberam como nós fivetes, como na música, temos aquela estranha mania de ter na fé na vida?

Recomeçamos quantas vezes forem necessárias, mesmo quando estamos em frangalhos.
Acreditamos no milagre por mais que às vezes digam que é difícil. Pode estar 99% ruim, mas nos apegamos ao 1% com todo o nosso coração. Seguimos o lema:


[...] “Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
[1]”.

E eu estava lá novamente acreditando que desta vez daria certo. 
No dia seguinte iria ao médico fazer o ultrassom e definir qual seria o protocolo para o recomeço do tratamento.







[1] Música: Maria, Maria - Milton Nascimento e Fernando Brant

quinta-feira, 23 de junho de 2016

E agora, José?


Depois de muito caminhar iniciamos as induções, estava muito empolgada.
Tinha 12 ou 13 folículos antrais[1], não me lembro ao certo, a maioria no ovário esquerdo, o direito estava um pouco mais preguiçoso o que inclusive justificaria o AMH um pouco mais baixo. Não sabemos ao certo o porquê disso, talvez um acidente que sofri no passado possa o ter lesionado, mas graças a Deus estava tudo perfeito no esquerdo.
Estava muito empolgada e cheia de esperanças.
Tomaria o fostimon, numa dose um pouco mais alta por causa do AMH, a enoxaparina e um polivitamínico, os dois últimos recomendação do hematologista. Após 5 dias deveria voltar para fazer o ultrassom.
Chegou o tão esperado dia, arrumei-me e fui à clínica. O médico olhou o ovário esquerdo e os folículos crescendo lindamente, mas quando olhou o direito havia um folículo enorme 17mm, muito maior que os outros que estavam em torno de 9mm. Consequência interrupção da indução.
Meninas, bateu uma tristeza misturada com desespero e medo que nem consigo explicar, chorei como uma criança. Foi um misto de tristeza e medo por ter meu maior sonho interrompido e desespero pela questão financeira, perderia todo o dinheiro. Socorro!!! Tive vontade de cair de joelhos. Por que isso estava acontecendo? Por que tanta dor?
Não estava acreditando que a minha FIV, que é um procedimento desgastante por si só quando todas as etapas dão certo, iria ser interrompida no meio do caminho. Tanto tempo sonhando, esperando, lutando, acreditando...
Confesso! Estava com o pé no chão antes de iniciar a FIV, bem consciente das diversas etapas que deveria vencer, mas na hora que iniciei o tratamento voltei quase que instantaneamente para o mundo de “Pollyanna”[2] e confiei que tudo daria certo, simples assim. Para muita gente dá, né? Por que para mim não daria. Resultado: caí do “mundo do contente” para o mundo real, espatifei no chão, não tinha nem uma graminha para amortecer a queda.
Já passei muita coisa na minha vida, luto muito desde a morte da minha mãe, mas a busca pela fertilidade anda mexendo comigo de uma forma muito diferente, algo inexplicável. Talvez porque seja meu maior sonho, gerar um filho, começar uma nova família. Sei lá!!! Chorar anda sendo algo corriqueiro na minha vida, espero que Deus abençoe e em breve chore, mas de alegria.

Deus sabe o que faz, né? Uma semana após a interrupção da FIV meu pai faleceu de repente, assim, do nada. Nesse dia caí literalmente de joelhos. Meu Deus!!! E agora???

O trem ficou complicado.

“E agora, José?[3]
[...]
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
[...]
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?”

Continuei marchando...
Recomeçaria a FIV na fé, na raça, nos dentes.


E vamos que vamos rumo ao positivo e fiel ao lema “Tudo pelo Baby”.




[1] A contagem de folículos na fase folicular inicial (primeiros dias do ciclo menstrual) demonstra a quantidade de possíveis folículos que podem ser estimulados durante o tratamento de estimulação ovariana para a inseminação artificial ou a fertilização in vitro.
[2] Pollyanna: Menina contente, sua família inteira está morta e leva alegria por onde passa. http://stella-paiva.blogspot.com.br/2012/02/resumo-do-livro-pollyanna-eleanor-h.html

terça-feira, 21 de junho de 2016

Qual o problema?

Qual a dificuldade de tratar um casal em busca da fertilidade com o mínimo de humanidade e consideração? Sei que os profissionais dessa área precisam ser altamente especializados e técnicos, mas acredito ser possível conciliar técnica com humanidade, ter o mínimo de delicadeza no trato com as pessoas. Ora, antes de sermos potenciais clientes somos pacientes, isso não deve ser esquecido. Esses profissionais são médicos (dom abençoado) e no caso de fertilização buscam trazer a vida, mas infelizmente para alguns a FIV se tornou um mercado muito lucrativo (money, money, money). Claro que entendo que é a carreira do médico, ou seja, fruto do seu sustento, então, normal visar lucro e ter ambição, o problema está quando apenas isso importa.
Passei por alguns médicos bem arrogantes e por mais conceituados que fossem não consegui continuar com eles. Na minha profissão aprendi que as pessoas arrogantes deixam de prestar atenção nos detalhes e é aí que passam a errar quando pegam um caso diferente, algo mais raro. Sabe naqueles momentos em que precisamos trocar ideia com outros profissionais, estudar um caminho diferente? Pois é, pessoas arrogantes não conseguem fazer isso, pois seria necessário ter simplicidade de coração para reconhecer a necessidade de mudar de estratégia e até eventualmente pedir ajuda. E a FIV apesar de ter o protocolo geral, o qual todos os médicos dessa especialidade devem conhecer, é um procedimento de detalhes, que necessita de um olhar cuidadoso para cada paciente, não dá para aplicar o mesmo método com todas as pessoas.
Depois de muita procura resolvi ir num médico (indicação de uma amiga querida) muito conceituado no meio profissional e querido pelas pacientes, em muitos relatos as pessoas ressaltavam a sua humanidade e competência. Gostei disso e marquei uma hora. Olhou os 66 exames, inclusive comentou a maioria deles, explicou-me detalhes de coisas que nem imaginava. 

Meninas, pesquisem muito sobre os profissionais que vão conduzir o tratamento de vocês para não cair nas mãos de oportunistas. FIV é um procedimento caro que sobrecarrega a mulher fisicamente e emocionalmente e é pesado para casal em vários sentidos, principalmente quando começam a surgir imprevistos. Claro, todo profissional terá seus prós e contras, afinal são humanos, apesar de alguns acharem que não são...kkk



FIV faz a gente ter uma visão diferente da vida, ensina a não relativizarmos a dor do outro. 
Só quem passa por isso sabe quantas coisas estão envolvidas. Muitas vezes ter filhos é o maior projeto da vida de uma pessoa (o meu é).

Então,fica a pergunta: Qual o problema ter um olhar generoso e gentil por essas pessoas tão sensibilizadas? 

"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e viver com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve e a vida é muito bela para ser insignificante". Charles Chaplin

Rumo ao positivo...

e-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com



quinta-feira, 16 de junho de 2016

Avaliação da fertilidade do casal - parte 2 - Espermograma Completo, Morfologia Estrita de Kruger e Cariótipo

Hora de fazer os exames do maridão.
Para falar a verdade essa investigação estava “pra lá” de atrasada, não acham? Fui virada e revirada de tanto exame e apenas depois de alguns anos os digníssimos profissionais optaram por investigar meu marido. E olha que passei por médicos conceituados, mas percebi que para parte da sociedade e até mesmo para alguns profissionais a dificuldade para ter filhos ainda é atribuída somente às mulheres. SOCORRO para essa ignorância!!! AFF!!! 
As pesquisas apontam que dos casais que apresentam alguma dificuldade para engravidar um terço das causas cabe à mulher, um terço ao homem e um terço a ambos ou não têm justificativa. Portanto, de todas as causas de infertilidade, o homem é responsável pela metade delas[1]. Então, não há porque não o investigar de cara.



Fomos juntos fazer os exames de sangue, só nos restava aguardar o resultado.
Quanto ao Espermograma completo e à Morfologia Estrita de Kruger entreguei ao meu marido a guia do pedido para que fosse realizá-lo. Os dias viraram semanas e nada de marcar o procedimento. Ele muito espertinho fazia cara de paisagem e paparicava-me, estratégia que costuma utilizar quando quer me fazer esquecer algo. Confesso que em alguns momentos ele até consegue obter sucesso com essa manobra, mas nesse caso seria diferente. Eu, Ptt, que carrego o lema: “Tudo pelo Baby” não deixaria isso acontecer, então, quando as semanas estavam quase virando meses dei o ultimato, informei-o quando deveria comparecer ao laboratório para realizar o procedimento. Aproveitei também a oportunidade para conversar com ele, um filho é uma escolha do casal e lutar pela chegada dele quando há alguma dificuldade também. Tínhamos que entrar nessa fase de investigação e preparação para realização de algum tratamento juntos, era necessário ter coragem e não deixar as inseguranças nos paralisar na busca do nosso sonho. Deveríamos ter em mente que unidos poderíamos até entortar, mas quebrar jamais.
Nós tentantes sabemos que é uma fase muito difícil para o casal e por isso a união e o diálogo são fundamentais para a continuidade (sobrevivência) minimamente saudável e equilibrada do casamento.  

O espermograma, um dos exames utilizados para avaliar a fertilidade masculina, ainda está envolto por estigmas. Alguns homens o consideram constrangedor outros acham que sua sexualidade, masculinidade ou potência sexual estará sendo avaliada. Ideia totalmente equivocada, trata-se de um exame normal como qualquer outro e um resultado alterado nada tem haver com a virilidade, é apenas mais um dos “poréns” que passamos na vida.  Meu médico inclusive me informou que os casos de infertilidade masculina são muito mais fáceis de resolver que os femininos. Os homens precisam parar com esse preconceito bobo.
No espermograma é analisada principalmente a motilidade, a concentração, a vitalidade, a morfologia dos espermatozoides. Também avaliam o volume, a acidez e a existência de infecção. A análise da morfologia (verificação da forma dos espermatozoides) pode ser feita pelo critério da OMS e/ou pelo critério estrito de Kruger. No exame do meu marido foram aplicados os dois critérios.
Alguns dias depois do exame meu marido me ligou com a voz trêmula e informou que o resultado do espermograma havia saído. Meu coração apertou, parei o que estava fazendo no trabalho e fui tentar interpretá-lo. Como sempre recorri ao meu atual melhor amigo, Dr. Google, e percebi que a morfologia, tanto pelo critério estrito de Kruger quanto pelo o da OMS, bem como a motilidade e a concentração estavam abaixo dos valores de referência. Encaminhei o resultado do espermograma para meu ginecologista que agora sim recomendou procurarmos uma clínica de fertilização. Só uma observação, não foi ele que solicitou o espermograma, por ele esperaríamos mais um ano para fazer algum exame adicional, ou seja, estaríamos tentando e acumulando frustrações até hoje.

Marquei uma consulta com o médico de fertilização que me indicaram. Meu Deus! Um OGRO, que se acha um pop star. Não respondeu as minhas perguntas e sequer olhou todos os meus exames, mas pelo menos solicitou que fosse realizado outro espermograma para confirmar o resultado encontrado. Mesmo sendo tratada “como um nada” fizemos o novo exame na clínica do pop star, estava confiando na indicação que havia recebido. Resultado: morfologia continuou abaixo dos valores de referência, já os demais itens apresentaram resultados mais animadores, mas a FIV/ICSI ainda era o tratamento recomendado. Nesse momento entrávamos na estatística dos 1/3 dos casais em que ambos apresentam fatores que podem dificultar a gravidez pelo método natural. Fomos informados que considerando o nosso histórico a chance de uma gravidez natural era de 1%. Um tapa na cara, daqueles de novela.
Meninas, fico chateada quando vejo o tempo em que os médicos demoraram para investigar os dois, quanta negligência e descuido mesmo sabendo que para a mulher o tempo é fator primordial para a fertilidade. Acho que todo casal que toma a decisão de engravidar deveria fazer previamente os exames básicos que avaliam a fertilidade, principalmente se a mulher tiver mais de 30 anos, pouparia tanta frustração e sofrimento. Quem me dera se eu tivesse a cabeça que tenho hoje aos 30 anos, mas como o tempo não volta, no máximo podemos aprender com ele, decidi seguir em frente e correr atrás do prejuízo. A verdade é que a dor e as dificuldades invariavelmente chegam para todos em algum momento da vida, a diferença é de como vamos encará-la. Já passei por muita coisa e hoje carrego comigo a seguinte certeza: todas as dores ou alegrias por maiores que sejam sempre passam. 

Meu marido realizou também os exames cariótipo e microdeleção do cromossomo Y, como ele tem doença congênita na família o médico achou por bem solicitá-los. Na minha cidade são exames “mega- power” demorados, verdadeiros testes de paciência, os resultados demoraram em  torno de 40 dias para ficarem prontos. São testes genéticos, o cariótipo com bandas é o exame de mapeamento genético clássico, e analisa os 46 cromossomos do ser humano. Serve para apontar se há má formação, ausência ou troca entre eles. Entre as principais doenças genéticas ligadas à fertilidade masculina que traz estão a fibrose cística, a Síndrome de Klinefelter e a doença policística do rim[2]. Já a Detecção da microdeleção do cromossomo Y avalia o cromossomo Y que é dividido em três partes: duas pernas curtas e uma longa. O exame é feito na parte mais longa (chamada DAZ, do inglês deleted azoospermia) e mostra se existe alguma má formação e em qual parte ela se localiza (AZFa, AZFb ou AZFc). Alterações na zona A impedem o homem de produzir qualquer espermatozoide. Neste caso, deve-se recorrer à doação de esperma ou à adoção. Se o problema for na zona B, os espermatozoides têm sua maturação interrompida, então ainda há 30% de chances de existirem. Alterações na zona C são o melhor resultado para esse exame, pois, apesar de muito baixa a produção está mantida e há 70% de chance de se encontrar espermatozoides.[3]

Graças a Deus, os dois exames estavam normais.

Depois desses resultados seguramos na mão do Senhor e iniciamos a nossa caminhada para início da FIV. Fizemos uma peregrinação nas clínicas de fertilização da minha cidade. Assunto do próximo post.





e-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com




[1] http://www.fertilidadedohomem.com.br/perguntas-e-respostas.html
[2] http://invida.med.br/diagnostico/exames-geneticos-2/
[3] http://invida.med.br/diagnostico/exames-geneticos-2/

domingo, 12 de junho de 2016

Avaliação da Fertilidade do Casal - parte 1 Histerossalpingografia e Anti-Mülleriano (AMH)

Dando continuidade à saga em busca da maternidade eu e meu marido realizamos os exames para avaliar a nossa fertilidade. Nessa etapa fizemos ao todo 46 exames*, sendo que eu fiz 36 e o meu maridão 10. Até na quantidade de exames a vida do homem é mais fácil, não acham? Mas vamos lá, tudo pelo baby esse é o meu lema.
Segue a relação dos exames. O plano de saúde não cobriu apenas dois: dosagem do hormônio Anti-Mülleriano e a Histerossalpingografia.

MEUS EXAMES FERTILIDADE
HEMOGRAMA
GLICOSE
PLAQUETAS CONTAGEM
RUBEOLA IGG E IGM
GRUPO SANGUINEO
HCV ANTI IGG
FATOR RH
TOXO IGG E IGM
COOMBS INDIRETO
CITOMEGALOVIRUS IGM
TEMPO DE SANGRIA
RUBEOLA IGG E IGM
TEMPO DE COAGULAÇAO
HERPES SIMPLES IGM
TEMPO DE PROTROMBINA
CHLAMYDIA TR IGM IF
TEMPO DE TROMB PARC
NEISSERIA CULTURA
VDRL
MULLERIANO HORMONIO
HTLV I E II ELISA
ESTRADIOL
TSH - ULTRA SENSIVEL
FSH
T4 LIVRE
LH
PROLACTINA
HBS ANTI
PROGESTERONA
HBC TOTAL ANTI
HIV 1 E 2 AG/AC
HBC IGM ANTI
HBSAG
HCV ANTI IGG
HISTEROSSALPINGOGRAFIA
HISTEROSSONOGRAFIA 
EXAMES FERTILIDADE DO MARIDÃO
MICRODELAÇÃO DO CROMOSSOMO Y
GRUPO SANGUÍNEO
FATOR RH
HTLV I E II ELISA
HIV 1 E 2 AG/AC
VDRL
HBSAG
HCV ANTI IGG
ESPERMOGRAMA COMPLETO E MORFOLOGIA ESTRITA DE KRUGER
CARIÓTIPO DE SANGUE PERIFÉRICO COM BANDEAMENTO G

Desses exames falarei de quatro: a Histerossalpingografia, a dosagem do Hormônio Anti-Mülleriano (AMH), o Espermograma Completo /Morfologia Estrita de Kruger e o Cariótipo.

A temida histerossalpingografia trata-se de um raio-x  realizado com contraste que possibilita avaliar a cavidade uterina e as trompas da paciente, caso seja encontrada alguma alteração o médico pode indicar histeroscopia e laparoscopia diagnósticas para prosseguir a investigação. O exame é efetuado entre o 7º e 11º dia do ciclo menstrual e na clínica em que o realizei tive a indicação de tomar 4 horas antes uma dose de um antibiótico e 1 hora antes dois comprimidos sublinguais para dor. Confesso que fiquei bem "Alice no país das maravilhas" com o remedinho de dor.
Atualmente, qualquer exame que envolva a verificação da minha fertilidade me deixa ansiosa e com a histerossalpingografia não foi diferente. Achei que fosse "morrer" de dor, estava com medo de ter algum problema, dormi muito mal na noite anterior, tive até dor de barriga e na hora do exame, adivinhem? Não senti nada. A verdade é que quem sofre por antecedência sofre duas vezes ou sofre sem necessidade, preciso aprender isso.
Cheguei a chorar durante o exame porque não estava sentindo nada e achei que isso talvez fosse um mau sinal, pois todo mundo falava que eu ia sentir uma dor da porra (ops) para realizá-lo. Pensa nisso! Que despropósito chorar por não sentir dor! Graças a Deus, o resultado do exame deu normal.
Minha médica disse que a clínica na qual fiz o exame utiliza materiais de qualidade e métodos que minimizam e até evitam a dor, por isso foi tão tranquilo. Então, meninas, busquem indicação de bons locais, isso faz toda diferença. 

Já o exame Hormônio Anti-Mülleriano (AMH ou HAM) passou a ser muito solicitado pelas clínicas de fertilização nos últimos anos. É um hormônio fabricado por células do ovário (folículos) e dá uma ideia do número de óvulos existentes nos ovários capazes de serem fertilizados no presente e, para o futuro, a possível longevidade reprodutiva.[1]
Por meio de um ultrassom realizado no início do ciclo meu médico verificou que eu ainda tenho uma quantidade de folículos antrais considerada compatível (boa) com a minha idade, além de apresentar exames hormonais normais. No entanto, pelo o meu AMH foi possível perceber que a reserva ovariana está caindo. Esse papo que os 40 de hoje é os 30 de antes pode até ser verdade em algumas situações, mas no caso da fertilidade isso é uma “balela”. Como sabemos a partir de 35 anos o declínio da fertilidade da mulher é razoável. No meu caso já não é recomendado esperar mais para fazer o tratamento,pois as chances de sucesso se começá-lo agora é considerável. Uma "corrida contra o tempo". E o outro médico querendo que eu tentasse por mais um ano. Aff! 


No próximo post falarei do Espermograma Completo /Morfologia Estrita de Kruger e o cariótipo do meu marido.

* Hoje ao escrever este post decidi contar quantos exames em busca do meu sonho fiz desde o aborto e foram 66 ao todo, fora os exames dermatológicos e os ultrassons. Ainda tem os endócrinos que farei oportunamente. Tudo pelo baby...Vamos que vamos, rumo ao positivo.


e-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com



[1] http://www.ipgo.com.br/a-perda-da-fertilidade-no-decorrer-da-idade/

terça-feira, 7 de junho de 2016

É "Uó"...


É “Uó” o tal de fazer sexo dia sim, dia não, quando é por obrigação. Não acham?



Depois da longa caminhada de investigação da trombofilia fui a um médico, que informou que era para eu e meu marido tentarmos pelo método natural por mais um ano e que só após isso iria investigar outros fatores. Aff! Passei um tempão investigando, quase tirei todo o sangue do meu corpo fazendo exames, gastei uma fortuna e é isso? Continue tentando. Só isso que ele me fala? Jesus, minha idade, minha dor e vou ter que esperar mais quase um ano para ver se tem outro fator interferindo. Por que não faz todos os exames de uma vez? Confesso senti uma raiva, tive vontade de chutar a canela dele, mas sabia que ele era bom, então relevei esse deslize. Agora relevar o deslize não significava obedecê-lo. Meu coração ainda estava inquieto, sentia que estava faltando alguma coisa.
Cheguei em casa e recorri ao meu atual melhor amigo, o “Dr. Google”, ocasião em que descobri que ainda tinham muitos exames a serem feitos, não estava nem no meio do caminho.
Marquei uma consulta numa clínica de reprodução humana da minha cidade e a médica sensata e prudente pediu para que tentássemos apenas por mais dois meses. Explicou que não era recomendado depois de tanto tempo tentando e com a minha idade esperar muito, pois o tempo era crucial. Orientou que se nesse período não engravidássemos era para voltarmos para uma investigação mais criteriosa.
Pensei.. O que são mais dois meses? Nada, perto de quase um ano do outro médico. Então, ok! Tá, vou confessar achei mais ou menos ok.
Meninas, vamos ser sinceras vida de casal tentante não é fácil, esse trem de ser dia sim, dia não é “Uó”.
No começo tudo é festa. Oba!!! Vamos namorar bastante e em breve o bebê estará encomendado. Quando começamos a tentar eu e meu marido achávamos que engravidar era a coisa mais fácil do mundo, ninguém havia me contado que de cada 5 casais 1 apresenta dificuldade[1] .Acho que a gente vivia no mundo de “Pollyanna”[2], aquela menina sempre feliz do livro, conhecem?
A verdade é que depois que os meses foram correndo e nada acontecia o “trem”foi ficando meio mecânico, algo incompatível com a naturalidade que o sexo saudável pede. Coitado do meu marido, no período fértil eu ficava quase “psicótica" atrás dele, parecia no cio, só pensava no baby. No nosso caso tínhamos inclusive hora marcada no período fértil, 5h ou 21h. Aff! Imaginem a cena: “Amor, acorda!!! Tá na hora.” Isso às 5h da matina, com aquele hálito incrível...
Nós tentamos de tudo, coloquei pernas para cima para não perder nem uma gota dos potenciais babys, não fazia “xixi” depois da relação. Cheguei ao ponto de um dia sair da academia no meio da aula de spinning porque achei que estava ovulando. Nesse dia fiz meu marido sair do trabalho em que ele tinha acabado de chegar para tentarmos nosso baby. Entre outras loucuras, que aos poucos vou contando para vcs.
Brincadeiras a parte, quem passou por isso sabe o que estou falando, não é fácil. Em alguns momentos eu e meu marido demos muitas risadas desses despropósitos, mas também sofremos muito, nenhum casamento merece passar por isso por tanto tempo. 
Fora aquele monte de palpiteiro e até médicos que falavam que eu não engravidava por causa do psicológico. Meninas, não aceitem esse argumento, investiguem! Não percam tempo! Aproveito o ensejo para postar o vídeo  “Infertilidade não é Psicológica”.



O tempo passou, colocamos na nossa conta mais dois meses de frustração e voltamos na médica que solicitou um monte de exames de sangue mais a histerossalpingografia e a histerossonografia. Meu marido também seria investigado.

Continuo no próximo post. 


e-mail: fivamadurecimentodaalma@gmail.com

domingo, 5 de junho de 2016

Trombofilia parte 3 - Anticoagulante Lúpico e MTHFR

Em dezembro de 2014 fiz o exame anticoagulante lúpico que deu positivo, um susto! Nunca havia ouvido falar sobre isso. Claro, como boa curiosa que sou, fui ao “Dr. Google” pesquisar o que era, fiquei apavorada. Exageros a parte, a palavra trombose é algo que me assusta muito, mas agora lido melhor com a situação.
Após consultar com um especialista no assunto fui orientada a repetir o exame após 12 semanas para ver se era transitório ou não. Quando o repeti, o resultado foi negativo. Ufa, que alegria!!! Mas tive que refazê-lo em outro laboratório, pois o médico não gostou do método utilizado, ocasião em que recebi o segundo positivo (teste com veneno de víbora de Russel positivo), um soco no estômago.
O anticoagulante lúpico é da família dos antifosfolípides e estudos relacionam que esse anticorpo pode aumentar a chance de problemas durante a gravidez, sendo ele um dos mais relevantes preditor[1] de risco, informação confirmada posteriormente pelo meu hematologista e pelo meu angiologista.
Vi na matéria “Descoberto anticorpo relacionado a problemas na gravidez”[2] a seguinte informação sobre o anticoagulante lúpico:


[...] Os anticorpos chamados de antifosfolípides interferem com fosfolipídeos, que é um tipo de gordura localizada em qualquer célula viva e membranas celulares. Os pacientes com APLs correm mais riscos de desenvolverem coágulos sanguíneos, derrames e distúrbios durante a gravidez, porém, alguns pacientes que possuem os anticorpos também podem não desenvolver doenças do gênero. A autora sênior da pesquisa, Jane Salmon, explica que os "fosfolipídios são altamente presentes na placenta, e, como resultados, os anticorpos antifosfolípides se concentram no mesmo local. Quando os anticorpos são depositados nos tecidos de uma pessoa, inicia-se inflamação levando a danos nos órgãos. E este é um caminho para complicações na gravidez".
Normalmente, as mulheres que perdem o bebê durante a gravidez fazem testes para detectar a presença de APLs, sendo que os resultados apontam que até 15% delas a presença é positiva. O tratamento é realizado com anticoagulantes.
O estudo avaliou 144 mulheres com APLs, visto que 28 tiveram efeitos adversos da gravidez. Paralelamente um grupo de 159 também foi testado. Os cientistas avaliaram e compararam as complicações na gestação com a presença de três APLs: anticoagulante lúpico (LAC), anticorpo anticardiolipina (aCL) e anticorpo para glicoproteína ß2 I.
A descoberta compilou que o LAC foi encontrado como um forte fator para os efeitos adversos da gravidez, sendo efeito adverso definido como morte fetal sem explicação após 12 semanas de gravidez, morte do neonato antes da alta associada a complicações durante o parto, prematuridade – antes de 34 semanas de gestação – ligada à hipertensão gestacional, insuficiência placentária ou pré-eclâmpsia e recém-nascidos de baixo peso para idade de gestação. [...]

No entanto, fui informada pelo médico que para enquadrar a paciente com a Síndrome do Anticorpo Antifosfolípede e tratá-la, de acordo com o protocolo, devem-se ter a associação de um critério laboratorial (exame alterado) e outro clínico[3], tais como: um ou mais eventos trombóticos venosos e/ou arteriais, 3 ou mais abortos antes de 10 semanas (aborto de repetição), um aborto após 10 semanas (feto normal), parto prematuro antes de 34 semanas de gestação – ligada à hipertensão gestacional, insuficiência placentária ou pré-eclâmpsia e recém-nascidos de baixo peso para idade de gestação. 
Um adendo, esperar uma mulher ter 3 ou mais abortos ou qualquer outra complicação para tratá-la, ao meu ver, considerando que sou leiga no assunto, mas já vivi na pele a dor e o medo que o aborto traz, como ter sequelas da curetagem, fora a dor da alma de perder um filho e ter a sua fertilidade em jogo, parece-me um despropósito, dependendo do histórico da paciente. Imagina a dor devastadora que a mulher vai ter que passar por três vezes, fora o tempo que perderá até começar a investigar, tempo esse primordial para a sua fertilidade. Óbvio que não defendo o tratamento indiscriminado com anticoagulantes, que também apresenta risco, mas acho que o profissional dever ter a sensibilidade de perceber o momento de entrar com o tratamento profilático, não há motivo para expor a mulher a tanto risco e sofrimento. É importante sopesar os riscos e definir de forma consciente e humana qual melhor tratamento a seguir.  Os médicos devem se lembrar de que estão tratando mulheres no auge da sensibilidade, mas, infelizmente, na área da fertilidade percebi que dependendo do profissional somos vistas como "uma coisa" e uma potencial fonte de lucro. Para esses profissionais fica a minha indignação.
Retomando, também apresentei mutação c677t do Gene Metilenotetrahidrofolato Redutase (MTHFR), um tipo de trombofilia hereditária, que pode prejudicar a absorção do ácido fólico e outras vitaminas do complexo B (B6 e B12) e promover o aumento da homocisteína (risco de eventos trombóticos). No meu caso, como faço suplementação do ácido fólico, as vitaminas estão dentro do limite e a homocisteína está dentro do padrão, o meu médico informou que posso ficar tranquila em relação a esse ponto. Graças a Deus!   
Meus médicos ao considerarem os fatores relacionados abaixo decidiram, mesmo sem enquadrar no protocolo, incluir de forma profilática a enoxaparina e uma vitamina para minimizar a perda óssea a partir do início do tratamento (fiv) e após a implantação incluir o AAS e uma pequena dose de corticoide, fora a meia de compressão. Seguem os pontos considerados pelos profissionais para chegarem a essa conclusão:
- estou preparando para recomeçar a fertilização in vitro (FIV/ICSI), procedimento que usa uma dose considerável (cavalar) de hormônios (assunto dos próximos posts);
 tive um aborto retido antes de 10 semanas;
- apresentei mutação no gene MTHFR homozigoto mutante;
apresentei anticoagulante lúpico positivo por duas vezes;
- fan reagente;
histórico familiar de trombose, além da existência de primas que tiveram complicação na gravidez por causa da trombofilia.


Ah! Já ia me esquecendo, vi uma entrevista de um hematogista falando da possibilidade da mulher grávida realizar ultrassonografia com doppler, após 28 semanas, para verificar se a gravidez corre riscos, segue trecho[4]:


[...] Segundo o hematologista, durante a gestação é possível lançar mão de alguns exames para detectar os possíveis sinais de que a gravidez corre riscos. “A ultrassonografia com doppler identifica se há dificuldades na troca de sangue entre a mãe e o bebê. É um exame que deveria ser feito com 28 semanas e apesar de não ser obrigatório está ficando mais rotineiro”, diz. [...]

Futuramente vou procurar saber mais a respeito e volto para contar.